Opinião
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25 de março de 2019
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14:32

Não há sustentabilidade sem funcionalismo valorizado (por Sofia Cavedon)

Por
Sul 21
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Sofia Cavedon (Foto: Vanesa Vargas/PTSul)

Sofia Cavedon (*)

A sustentabilidade financeira que o governo diz que vai obter retirando ganhos na carreira é um equívoco de avaliação porque pressupõe uma cidade sem funcionalismo, prevê a gestão centrada em cargos comissionados – temporários e em parcerias privadas, se não, privatização direta. Por essa concepção é que a prefeitura vem perdendo recursos de financiamento buscados junto a órgãos federais e internacionais, a fundo perdido. Por quê?

Desconsiderar a qualidade técnica e a liderança das e dos funcionários/as, depender de terceiros que desconhecem a história e informações da cidade construída, das leis e planos, dá nisso: descontinuidade, projetos errados, paralisação de obras por discussão de preços e de projetos, abandono e depredação de obras, descontinuidade de políticas de atendimento. Assim já vive Porto Alegre: sete prédios de Escolas Infantis paralisados e sem cuidado, muitos recursos perdidos já aplicados nelas; um Centro de Esporte e Cultura que estava praticamente pronto, destruído; recursos para um programa de drenagem – milhões, devolvidos ao governo federal, assim como os que vinham para a educação. Há notícia do risco de perder os do centro de eventos. Por que será que não andam as obras da Copa? E porque reduziu a arrecadação do ITBI? O próprio governo reconheceu que é porque toda a Secretaria da Fazenda está sem chefia nomeada. E as fugas de água do DMAE que já representam 170 litros minuto? A terceirização e não nomeação de servidores/as no Departamento piora muito a entrega da água na capital.

O prefeito não aponta uma única política sequer para desenvolver a cidade, apenas ataca servidores e servidoras pelo terceiro ano, paralisando a cidade.

Esse discurso feito pelos governos neoliberais e repetido pelas mídias empresariais, de que o estado tem que ser reduzido, que não gera nada, que tem que mexer nos salários e na aposentadoria, é cínico porque são os mesmos que defendem desonerações, que sonegam impostos, que exigem do estado respostas para todas as demandas sociais como a segurança. Sua lógica de ajuste fiscal artificial é completamente irresponsável com os direitos básicos da população e a alternativa que apresentam de privatizar supõe recursos públicos para garantir o lucro das empresas e que só vai acessar bens básicos de sobrevivência quem puder pagar por eles.

Os números da capital mostram que a cidade é governável. Todos os governos anteriores o fizeram com comprometimento de pessoal até maiores que os atuais 48% das receitas. Ainda pagavam em dia e mantinham investimentos. O resultado da teimosia do prefeito em um único caminho: destruir a carreira dos servidores e servidoras está no seu desgaste político, na desaprovação de sua gestão, na degradação dos espaços e das políticas públicas. Está dando errado.

A Câmara Municipal já rejeitou por duas vezes esse caminho e de novo é instada a votar medidas que não vieram do diálogo com a cidade e com seu funcionalismo. Espero que mais uma vez o Legislativo Municipal honre a história de democracia da cidade, preserve sua vitalidade que é fruto do engajamento e da parceira dos seus trabalhadores e trabalhadoras com a sociedade organizada e os governos através de processos alargados de participação e deliberação.

Não ao PL 02/2019! Vamos presentear a cidade com diálogo e respeito pelos funcionários e funcionárias que dedicam sua vida para que tenhamos um lugar tão bonito para viver!

(*) Deputada Estadual (PT-RS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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