Opinião
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10 de março de 2019
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16:53

Associação Mães&Pais pela Democracia lança movimento no 8M (por Aline Kerber)

Por
Sul 21
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“Hoje já somos mães e pais de 46 escolas privadas e públicas do RS”. (Divulgação)

Aline Kerber (*)

Boa noite, mulheres de luta e mães pela democracia!

Nós, do movimento Mães e Pais pela Democracia esperamos alguns meses para fazer o lançamento da nossa Associação aqui com vocês, mulheres inspiradoras que nos ensinam e nos ensinaram a sonhar e a querer transformar a nossa sociedade. Na condição de Presidenta da Associação digo a vocês que nós mães de filhos e filhas de escolas privadas, sobretudo, estivemos silenciadas em muitos momentos, por medo e estagnação. E pelas mãos dos nossos filhos e filhas, que se manifestaram em diversas escolas depois do resultado das eleições, inconformados com o retrocesso e por empatia em relação aos seus colegas, deram o seguinte recado: nós seremos resistência, gritavam nos pátios das escolas. Nós, mães dos que resistem, sobretudo, tivemos que lutar para que a imagem dos nossos filhos não fosse exibida ao bel prazer de oportunistas político-partidários raivosos, defensores da vanguarda do atraso na educação brasileira.

Mães maravilhosas se mobilizaram nas redes sociais, começamos com representantes em uma escola privada e hoje já somos mães e pais de 46 escolas privadas e públicas do RS.

Nós defendemos a liberdade de cátedra das professoras e a liberdade de ensinar e aprender de forma amorosa, tal como educamos os nossos filhos, uma educação com amor e liberdade. E por isso nós dizemos não ao Escola Sem Partido, pois queremos uma escola livre, plural e de reciprocidade ética entre alunos, alunas e professoras. Só dessa forma que se forma uma cidadania crítica que transforma o mundo, como nos ensinou Paulo Freire!

Queremos que no centro do processo educacional esteja a educação sobre gênero e sexualidade, pois sabemos que os nossos filhos e filhas podem fazer a diferença com ousadia e criatividade para reverter esta vexatória e vergonhosa situação de violência contra a mulher, contra a população LGBT e contra negros e negras que matou Marielle há 1 ano e mais de 500 mulheres gaúchas nos últimos 6 anos.

E sabemos que a maioria dos estupros são causados dentro de casa. Se a escola não abordar o tema da sexualidade, quem será? Também não vamos aceitar que a educação sexual saia da caderneta de saúde da adolescente, como sugeriu o Bolsonaro.

Aline Kerber (Divulgação)

Por conta disso, queremos que a educação ofertada nas escolas coloque negras, índias e pobres no centro do processo de ensino-aprendizagem e da história, como bem nos ensinou a Mangueira com a sabedoria da nossa valorosa cultura popular, do nosso carnaval que defendeu brilhantemente os direitos humanos na avenida para o mundo todo saber que não compactuamos com esse retrocesso imposto aos brasileiros e brasileiras! Em razão disso, estaremos vigilantes para que nenhum livro saia de biblioteca de escola por questionar as coisas como estão…

Hoje, no dia internacional de luta das mulheres, algumas de nossas filhas não puderam fazer fotos no pátio de algumas escolas. Isso é censura e cerceamento de liberdade de expressão. Não vamos tolerar e nos calar! Queremos uma escola sem censura, sem mordaça, sem ódio e que não seja refém do atraso!

Queremos seres autônomos, livres e capazes de transformar essa sociedade machista, misógina e patriarcal.

Por uma educação feminista, plural e livre! Não recuaremos um milímetro da resistência e da batalha por políticas públicas que garantam a segurança do direito à educação! Pelos e com nossos filhos e filhas! A revolução já começou e nós caminharemos juntas pela democracia e pela liberdade dos nossos corpos!

Obrigada!

(*) Presidenta da Associação Mães&Pais pela Democracia. Texto apresentado no Dia Internacional da Mulher, em Porto Alegre.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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