Opinião
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15 de fevereiro de 2019
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17:03

Venezuela: Dissuasão estratégica (por María Alejandra Díaz)

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Sul 21
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Venezuela: Dissuasão estratégica (por María Alejandra Díaz)
Venezuela: Dissuasão estratégica (por María Alejandra Díaz)
Aviões russos Sukhoi-30 MK20 (Su-30), da Força Aérea da Venezuela (Divulgação)

María Alejandra Díaz (*)

Na atual conjuntura geopolítica enfrentada pela nossa Pátria devemos preparar a estratégia dissuasiva que garanta nossa soberania, independência e autodeterminação. Tal conjuntura é caraterizada pelo relançamento da política do “grande porrete” (Big Stick), adiantada pela elite corporatocrática que se adonou dos EUA, com a anuência de governos títeres da genuflexa União Europeia e de alguns governos latino-americanos, sob o marco e amparo do desesperado, ampliado e reforçado ressurgimento da Doutrina Monroe.

Deveríamos reimpulsionar e subscrever acordos internacionais na área da cooperação militar, defesa e segurança que incluam assessoria, capacitação, treinamento, comércio, financiamento de material bélico, operações de assistência e/ou alianças defensivas com outras Nações. Também celebrar alianças políticas, tecnológicas, econômicas, ou de qualquer outra natureza, de caráter integral ou especializado, condicionadas à garantia da defesa da Pátria através da própria defesa dos interesses nacionais dos Estados com os quais se subscrevam ditos acordos.

A estratégia no âmbito militar poderia transcender as negociações na esfera bilateral. É preciso convocar uma reunião extraordinária da Aliança Bolivariana para os povos da Nossa América (ALBA) com participação da Rússia, China, Irã e Turquia na sua condição de países convidados para abordar uma agenda de cooperação conjunta no âmbito da defesa e desenvolvimento integral dos países que constituem o bloco. Incluir nessa agenda a criação de áreas territoriais de cooperação estratégica que concretizem um roteiro que desemboque num Plano Estratégico de Desenvolvimento da Área da Bacia do Caribe (nova zona em disputa), garantindo seu desenvolvimento e proteção.

Torna-se necessário impulsionar esta tática para quebrar a dinâmica regional de tensão e de desestabilização a partir da imposição unilateral do governo estadunidense, aprofundando uma agenda audaciosa de cooperação alternativa que relance o equilíbrio pluripolar na América Latina e permita avançar pluralmente nos desafios geopolíticos atuais.

Além disso, acreditamos imprescindível que a Venezuela se incorpore à OCS (Organização de Cooperação de Shangai), à OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) e à União Euroasiática, o que nos tornaria um sólido aliado para as forças amantes da liberdade da América Latina, sendo que foi na Venezuela onde o herói da libertação da América do Sul, Simón Bolívar, começou sua luta. Que a segunda onda da descolonização se inicie desde o mesmo lugar (Duguin)

Essa agenda geral poderia servir de base para um protocolo de ação aplicável a outras áreas do planeta para lograr equilíbrios harmoniosos necessários que funcionem como dissuasão estratégica frente à voracidade imperial.

(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

Tradução: Anisio Pires

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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