Opinião
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27 de fevereiro de 2019
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21:43

Os sinais trocados de Eduardo Leite (por Helenir Aguiar Schürer)

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Os sinais trocados de Eduardo Leite (por Helenir Aguiar Schürer)
Os sinais trocados de Eduardo Leite (por Helenir Aguiar Schürer)
Reunião do governador Eduardo Leite com a direção do CPERS, no dia 6 de fevereiro de 2019. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Helenir Aguiar Schürer (*)

No início de fevereiro, sob os olhares de toda a imprensa gaúcha, Eduardo Leite visitou o CPERS para reafirmar sua disposição em dialogar. Disse, na ocasião, que seus atos seriam pautados pela transparência e a honestidade, e que o debate poderia ser duro, mas respeitoso. Infelizmente, até o momento, o discurso não tem resistido à prática.

Poucos dias depois da audiência, o governador orientou a votação de duas PECs na Assembleia, que, aprovadas nesta terça (26), retiraram direitos da categoria, aprofundando a situação de miséria dos(as) educadores(as) da rede estadual. Certamente, ao sentar-se à mesa de reuniões ao nosso lado, já havia articulado a votação dos projetos. Poderia ter nos alertado, mas optou por silenciar. A promessa de transparência não durou um mês.

O aceno ao diálogo é uma mudança de postura em relação a Sartori que, enquanto educadores(as), não podemos deixar de saudar. Mas diálogo pressupõe troca, deslocamento, negociação. Ao retirar direitos sem iniciar de imediato um debate para recuperar nossas perdas, ou apresentar um plano efetivo de valorização profissional, Leite põe em xeque a credibilidade de suas intenções.

Por quatro anos, o governo passado justificou a miséria imposta a servidores(as) e os ataques à escola pública com o argumento de sanar as contas. Sartori foi derrotado, mas nossos salários permanecem congelados e parcelados, o Estado passou por um intenso desmanche e, as finanças públicas, ao que parece, continuam de mal a pior.

Não é possível que Eduardo Leite insista em aplicar o mesmo remédio – testado e reprovado – para resolver os alegados problemas de caixa, enquanto continua a sacrificar o funcionalismo, a educação e o futuro do estado.

Nossa causa é justa. A escola pública atende mais de 80% dos(as) estudantes do Rio Grande do Sul. A sociedade estará ao nosso lado se soubermos informar corretamente sobre o momento que estamos vivendo. Se o governador optar por medidas unilaterais enquanto encena diálogo para os holofotes, enfrentará obstáculos crescentes e, rapidamente, verá deteriorar seu capital político.

Eduardo Leite, precisamos conversar.

(*) Helenir Aguiar Schürer é professora do Estado há mais de 30 anos e atual presidente do CPERS Sindicato.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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