Opinião
|
19 de fevereiro de 2019
|
10:32

Aumento da tarifa: Porto Alegre segue na contramão (por Marcelo Sgarbossa)

Por
Sul 21
[email protected]
Aumento da tarifa: Porto Alegre segue na contramão (por Marcelo Sgarbossa)
Aumento da tarifa: Porto Alegre segue na contramão (por Marcelo Sgarbossa)
Foto: Joana Berwanger/Sul21

Marcelo Sgarbossa (*)

Prepare o bolso! Um novo aumento da passagem de ônibus em Porto Alegre vem aí. A EPTC definiu que a tarifa vai saltar para R$ 4,70, em breve. Enquanto isso, o número de pessoas transportadas no sistema continua em queda brusca. Quem tem condição busca uma forma alternativa de mobilidade, como os veículos de aplicativos, táxi ou a bicicleta.

Ao mesmo tempo em que prestam um serviço de péssima qualidade e, assim, perdem milhões de passageiros a cada ano, as empresas querem um reajuste na tarifa muito acima da inflação. Para exigir esse aumento, vejam só, alegam a queda no número de passageiros transportados. Um círculo vicioso que afasta as pessoas do transporte público e atinge, sem perdão, quem mais precisa e tem menos condições de se mover pela cidade.

Mais uma vez, a gestão Marchezan Júnior (PSDB) – aliada às empresas – joga a culpa nas chamadas “isenções”. Depois de ampliar a vida útil dos ônibus, acabar com a segunda passagem gratuita (que sempre foi incluída no cálculo do reajuste anual), o prefeito conseguiu extinguir o direito a passe-livre de pessoas idosas carentes entre 60 e 64 anos, e agora fala em restringir o meio-passe estudantil. Tudo isso para garantir o lucro dos grandes empresários.

A mesma ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros) que se agarra ao contrato da licitação para exigir um novo aumento abusivo, deixa de cumprir cláusulas de qualidade que poderiam ampliar o número de pessoas transportadas. E a Prefeitura pouco faz para cobrar ou punir as empresas por descumprimento dos contratos. Por outro lado, a Companhia Carris, que já foi considerada a melhor do País, vem sendo sucateada para uma possível privatização.

Em vezes anteriores, a Justiça chegou a suspender o reajuste em razão de distorções nas planilhas das empresas. Em 2019, já há indícios de que o cálculo do reajuste da tarifa siga com distorções, tendo um aumento de 34% na remuneração do capital e de 29% nas despesas administrativas (honorários e seguros). Já o salário dos rodoviários foi o que menos subiu (6,06%).

O transporte é um direito social fundamental, uma garantia de outros direitos básicos da população. Para garantir esse direito, precisamos buscar novas fontes de financiamento para que o sistema seja 100% público e de qualidade, inclusive com subsídios do Poder Público, como acontece em todos os países desenvolvidos.

Ao invés de ficar ao lado da população, a gestão Marchezan segue ao lado dos empresários. Na contramão de uma cidade mais humana e inclusiva. Porto Alegre merece mais!

(*) Vereador, líder da Bancada do PT na Câmara de Porto Alegre

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora