Opinião
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30 de dezembro de 2018
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11:00

PT e PSOL acertam em não participar da posse do fascismo (por André Rosa)

Por
Sul 21
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PT e PSOL acertam em não participar da posse do fascismo (por André Rosa)
PT e PSOL acertam em não participar da posse do fascismo (por André Rosa)
Em visita ao Acre, durante sua campanha à Presidência da República, o então candidato Bolsonaro sugeriu ‘fuzilar a petralhada’ | Foto: Reprodução

André Rosa (*)

Não foi uma eleição realizada dentro da normalidade democrática. Precedida de um golpe em 2016, com Lula injustamente preso e impedido de concorrer em desrespeito inclusive a acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário, a violência política, mentiras e o esquema milionário de fakenews comprometeram seu resultado. “Vamos fuzilar a petralhada”, “vocês vão todos para a ponta da praia” (alusão clara aos crimes de tortura e assassinatos da ditadura militar) são algumas das frases de um presidente eleito que deveria estar preso por incentivar organizações criminosas e o ódio social.

Foi nesse cenário que um povo descrente da política decidiu. Iludido por um estelionatário eleitoral fortalecido pelos milhões recebidos através de caixa dois de empresas e organizações internacionais de extrema-direita. Dessa forma financiaram o esquema montado no subterrâneo da internet alojado fora do país para através dele disseminar mentiras e mensagens de ódio contra a esquerda. Uma tática terrorista muito bem gerida que juntou a descrença política, a desesperança econômica, pautas morais, desespero e medo para provocar o ódio em parcela significativa da população. Como no livro de Saramago, a cegueira foi contaminando um a um até se transformar em processo irreversível.

Aliás, uma tática muito bem teorizada por Goebbels (ministro da propaganda de Hitler na Alemanha nazista) que continua a ser utilizada após a eleição brasileira. Basta ver o milionário esquema de segurança montado para a posse como forma de amedrontar a população diante de uma falsa ameaça terrorista contra o eleito. Provoca-se mais uma vez o medo para gerar o ódio e com objetivo de justificar as ações violentas contra a esquerda brasileira que provavelmente ocorrerão em seu governo. Implementa-se dessa forma uma ditadura extremista que na teoria estaria referendada pelas urnas a partir de um processo “democrático”.

O medo e a geração do ódio sempre foram tática principal para o fortalecimento dos estados totalitários e violentos ao longo da história da humanidade. É disso que se trata a posse em curso no Brasil: o início de um período totalitário e fascista.

Nesse cenário, acertam o PT e o PSOL de não respaldarem a posse fascista. Acertarão ainda mais ao formarem um bloco parlamentar e social autenticamente de esquerda baseado em pautas transformadoras tanto no âmbito das casas legislativas quanto nos movimentos sociais. Em tempos como o nosso, formular as bases e a operação de ações conjuntas de resistência deve estar acima de eventuais diferenças táticas e estratégicas na luta pela transformação social. Essas, somente continuarão a existir ao longo do tempo se continuarmos a existir enquanto alternativa ao totalitarismo extremista que deseja nos matar. Somente na unidade iremos superar esse ciclo ainda mais sombrio que o Brasil passará a presenciar a partir de 2019.

(*) André Rosa, secretário de comunicação do PT de Porto Alegre.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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