Opinião
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28 de dezembro de 2018
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17:03

Adeus, Ano Velho (por Sofia Cavedon)

Por
Sul 21
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Adeus, Ano Velho (por Sofia Cavedon)
Adeus, Ano Velho (por Sofia Cavedon)
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

 Sofia Cavedon (*)

Realmente um ano para superar, esse 2018.

Tememos por nossa democracia em vários momentos em que a violência ocupou o lugar das regras democráticas e em que a batalha virtual pelo poder deturpou a informação, violou a dignidade dos oponentes, flexibilizou direitos da condição humana flertando perigosamente com o fascismo – a destruição do outro, seu contrário.

Tememos pela educação atacada no seu fundamento: processo libertário porque processo de constituição do humano, pois essa é a condição que carateriza e nos diferencia dos outros seres vivos – decidir quem somos, do que gostamos, no que acreditamos.

Tememos pela vida – eis que a exacerbação da violência autorizada para o enfrentamento da violência, chegou à apologia e simbologia da política. A posse de alguns deputados eleitos ser desenhada por sinais de metralhadora sendo disparada ao ar é em si, a renúncia da política.

O bonito é que esses temores e outros tantos, não paralisaram a consciência coletiva da aposta no processo democrático de evolução do país. “Seremos resistência” é o recado que saiu da voz dos jovens de mãos dadas nas escolas, no traço do desenhista, nas cores lilases das mulheres, no multicolorido da luta LGBT, no black vermelho amarelo do povo negro, na palavra crítica, contundente cantada do Slam, no samba de raiz que organiza a roda da resistência no Brooklin da universidade, na reocupação do Arado pelo povo indígena – todos avisando que seremos muitos reivindicando respeito à soberania do povo escrita na constituição.

“Ninguém solta a mão de ninguém” diz que não estamos sozinhos, que os haitianos e os venezuelanos não estão sozinhos; que as crianças sem vaga na educação infantil não estão invisíveis; que os jovens assassinados diariamente na barbárie do estado paralelo das drogas seguem nos indignando; que as meninas e mulheres violadas terão nossa mão; que quem vive do trabalho e perde cada vez mais os direitos, terá apoio para a organização e a luta; que diante da voracidade dos negócios e dos lucros, vamos proteger a água pública, a terra para plantar sem veneno, a cidade para todos e todas terem teto que os abrigue e espaço para sonhar.

Feliz Ano Novo!

(*) Vereadora em Porto Alegre, eleita deputada estadual pelo PT nas eleições de 2018.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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