Opinião
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26 de novembro de 2018
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19:10

A violência exige fala, não silêncio (por Marcelo Sgarbossa)

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Sul 21
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A violência exige fala, não silêncio (por Marcelo Sgarbossa)
A violência exige fala, não silêncio (por Marcelo Sgarbossa)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 Marcelo Sgarbossa (*)

Uma mulher assassinada a cada duas horas, um estupro a cada 11 minutos, cinco espancamentos a cada dois minutos, 503 mulheres agredidas por hora. No Brasil ocorre uma denúncia de violência a cada sete minutos. Milhões de ocorrências não são registradas e ficam no silêncio desprotegido da vítima.

A campanha ‘16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ realizada entre 25 de novembro e 10 de dezembro, desde 1993, com ações pela eliminação da violência contra a mulher, marca um período do ano em que esta questão ganha maior visibilidade.

Este ano destaca o tema “Pinte o Mundo de Laranja: #MeEscuteTambém” para alertar sobre a necessidade de ouvir e acreditar nas vítimas sobreviventes e, principalmente, colocar fim à cultura do silêncio que impede a quebra do ciclo de atos violentos e abusivos e concentrar na prestação de contas do agressor.

As mulheres são mutiladas, agredidas, abaladas psicologicamente, abusadas sexualmente por homens que deveriam protegê-las, amá-las, cuidá-las. Algumas políticas foram constituídas para reduzir esse flagelo. O serviço de denúncia por telefone pelo 180, implementado há 13 anos, e a Lei Maria da Penha, há 12 anos, são duas das importantes iniciativas.

Mas muitas políticas em todo o país estão sendo desmanteladas. É inaceitável que o presidente eleito seja uma representação de violência contra a mulher e misoginia, um fator profundo de dor e sofrimento que destroça não apenas as mulheres, também as famílias, a sociedade.

Essa postura desumana e imprópria, visibilizada por Bolsonaro, não pode ser fator de intimidação a denúncias ou de arrefecimento das lutas para o necessário avanço pela equidade. A resistência é fundamental para não regredir nessa área que define o grau civilizatório de uma nação e da própria humanidade.

Portanto, cada vez menos é hora de calar, mas de falar, de registrar, de denunciar, de fortalecer a rede de mobilização e proteção até que a violência contra a mulher nunca mais seja naturalizada. Não importa quem esteja ou não nos governos.

(*) Vereador de Porto Alegre (PT) integrante do Coletivo Cidade Mais Humana

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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