Simone Mirapalhete (*)
Amanheci com duas notícias lastimáveis.
A primeira notícia foi que, finalmente, o Governo Sartori, antes de entregar a chave do Rio Grande do Sul, fecha finalmente as portas da Fundação Zoobotânica (FZB/RS), decretando o fim dessa instituição. Fundação que desempenha papel fundamental na área de pesquisa científica, educacional e guarda o patrimônio ambiental do Estado.
Fundação que aprendi a amar, quando assumi a gestão do Museu de Ciências Naturais, durante os anos de 2011 à 2013, e muito fizemos para sua efetivação para ser a principal instituição de pesquisa na área ambiental do Estado.
Há mais de 3 anos, servidores, pesquisadores e cidadãos, lutavam pela sua não extinção, pois eram sabedores da importância para o Estado e as futuras gerações.
Dizer que as ações da FZB passarão para a SEMA, não garante o trabalho realizado, pois a SEMA é secretaria fim, que realiza a fiscalização e faz a gestão ambiental, e a FZB embasava essa gestão, com laudos técnicos e pesquisas científicas. A decisão de privatizar o zoológico de Sapucaia do Sul é enxergar apenas o lado do lazer, que é importante, mas esquecer o os trabalhos de pesquisa e recuperação da fauna. A decisão de fechar a FZB, deixa vulnerável nosso querido Jardim Botânico, que é reconhecido pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos, pois além de seus 39 ha de área de lazer, abriga coleções da botânica e pesquisa cientifica.
Só me resta acreditar ainda que MP e SEMAPI façam movimentos que impeçam essas ações.
A segunda notícia, essa já esperada, é que o principal técnico que construiu o plano de governo do candidato Bolsonaro, o general Oswaldo Ferreira, diz que se ganharem, a área ambiental sofrerá mudanças, pois é preciso eliminar os “atrasos”. Diz ainda, que no seu tempo, ele derrubava árvores para construir estradas, sem precisar pedir ao MP e ao IBAMA.
Para eles (e está escrito no plano de governo), o Ministério do Meio Ambiente, será fundido com o Ministério da Agricultura, Ibama e Instituto Chico Mendes (ICMBio), para agilizar as ações. Como agilizar, se essas instituições tem ações específicas, como o planejamento, o interesse comercial, licenciamento, fiscalização e proteção?
Em tempos de ódios e violência, e notícias como estas, as previsões futuras não são nada boas.
O que me resta a fazer, no dia de hoje e nos próximos dias, é ter mais força e garra para argumentar com todos que eu puder abordar e dialogar.
Explicarei as intenções desses governos e que o nosso projeto não trata as questões ambientais dessa maneira, porque temos responsabilidade com as gerações futuras, para que todxs tenhamos uma vida digna com o meio ambiente.
NÃO aos retrocessos!
NÃO à cegueira que ronda nosso país!
SIM para a esperança!
SIM PELO FORTALECIMENTO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL
(*) Bióloga, ex gestora FZB/MCN
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