Opinião
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25 de outubro de 2018
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12:56

Faça amor, não faça guerra! (por Silvana Conti)

Por
Sul 21
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Faça amor, não faça guerra! (por Silvana Conti)
Faça amor, não faça guerra! (por Silvana Conti)
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Silvana Conti (*)

Vivemos dias temerosos, que parecem com os anos de chumbo da ditadura, onde os militares comandaram o aparato estatal, que tinha como seu principal líder o marechal Castelo Branco, primeiro presidente do regime.

O primeiro Ato Institucional, de 9 de Abril de 1964, determinou a cassação de mandatos, a suspensão de direitos políticos, a demissão de servidoras(es) públicos, as aposentadorias compulsórias, a intervenção em sindicatos e prisão de milhares de brasileiras e brasileiros.

Em 1968 teve início uma onda repressiva, especialmente contra os(as) estudantes, que ficou marcada pela morte de Edson Luís, em Março de 1968, pelo assassinato de quatro pessoas na chamada “sexta-feira sangrenta”, em 21 de Junho, pela morte de José Guimarães durante o enfrentamento entre estudantes da USP e policiais, e pela invasão em 12 de Outubro, do 30º Congresso da UNE em Imbiúna.

Em 13 de Dezembro, o governo militar decretou o Ato Institucional nº 5, AI5, onde o Congresso Nacional foi fechado, as cassações de mandatos foram intensificadas, a imprensa passou a ser completamente censurada e foram suspensos os direitos individuais.

Neste triste e perverso período da história brasileira, a tortura, a censura, as perseguições, as mortes, foram os principais métodos utilizados pelo Estado para amordaçar mentes e corações de jovens, mulheres e homens que ficaram marcados(as) para sempre. Muitos(as) desapareceram, outros tombaram, mas muitos(as) sobreviveram e denunciaram seus algozes. Precisamos sempre lembrar estes terríveis momentos para que jamais aconteçam.

Dentre todos os fatos, aberrações, absurdos e atrocidades, que o candidato ditador assume, o que mais me indigna é a homenagem que fez ao assassino e torturador Carlos Brilhante Ustra, que considera um “herói brasileiro”.

Conheço pessoalmente Amelinha Teles, uma grande militante feminista que foi torturada pelo referido coronel, que de forma monstruosa pegou seus dois filhos pequenos para presenciar tamanha violência.

Ditadura nunca mais!

Não merecemos ser estupradas!

Queremos livros nas mãos das nossas crianças e não armas.

Queremos educação integral e de qualidade e não educação a distância.

Queremos liberdade de expressão!

Liberdade de imprensa Sim! Ditadura Não!

A imprensa do mundo se posiciona frente a possibilidade desastrosa do candidato contrário a democracia ganhar a eleição presidencial no Brasil. Aponto aqui alguns destaques:

Estados Unidos

– Financial Times: “O ‘trágico destino’ brasileiro de uma rebelião antidemocrática surge novamente”;

Alemanha

– Deutsche Welle: “Analistas alemães veem democracia no Brasil em risco”;

Reino Unido

– The Guardian: “Trump dos trópicos: o perigoso candidato que lidera a corrida presidencial do Brasil”;

Austrália

– The Australian: “Conheça o candidato que é um risco à democracia”;

França

– Liberation: “No Brasil, um ex-soldado para liquidar a democracia”;

O candidato da extrema direita, que exibiu um vídeo em telões na Avenida Paulista neste domingo (21), na cidade de São Paulo, ameaçando publicamente o jornal Folha de S. Paulo, que denunciou o gigantesco esquema de recursos financeiros injetados em sua campanha por empresários via “caixa 2” para disparar avalanches de notícias falsas, as chamadas fake news. Diz o candidato: “A Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo”, afirmou o coiso“. Imprensa vendida, meus pêsames. Traduzindo: liberdade de imprensa, adeus! “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou [então] ou vão para fora ou vão para cadeia.” Com mais esta atitude demonstra o quanto a democracia corre efetivo risco.

O mesmo candidato anuncia, abertamente, que de nada valerão as garantias constitucionais sobre as liberdades de imprensa, de manifestação e de organização política. O candidato fascista já havia dito, em outra ocasião, que seu governo acabaria com todos os ativismos do Brasil, quer dizer, criminalizaria os movimentos sociais.

Por todos estes motivos e tantos outros, quero expressar minha preocupação e medo do resultado das urnas no próximo domingo. Vivemos na corda bamba, no fio da navalha, numa encruzilhada histórica onde o ódio de classe é a essência deste triste enredo de carnaval: Fascismo anunciado!

Para revertermos esta situação, só tem uma saída: Refletirmos a importância de pensarmos em nossas famílias, nossas amigas e amigos, colegas, vizinhas(os), pessoas que admiramos e amamos.

Pensarmos no passado, no presente e no futuro das nossas crianças, adolescentes, netas(os), filhas(os), sobrinhas(os).

Temos que sair da sintonia do ódio: vermelhos contra verde e amarelos. Isto foi criado como uma cortina de fumaça para atrapalhar nossa visão, tapar nossos ouvidos, espalhar desconfianças, brigas com pessoas que são próximas e podemos reaproximar nestas próximas horas.

Tenho certeza que nós o povo brasileiro, queremos as mesmas coisas: Queremos viver em paz, com trabalho, moradia, saúde, educação, cultura, transporte, segurança, e tantas outras coisas que desejamos e sonhamos.

O nosso samba enredo é da alegria, da esperança, da felicidade, do amor, do respeito as diferenças e as diversidades, da dignidade, da paz, da solidariedade…

O que vai acontecer neste dia 28 de Outubro de 2018 vai ficar marcado na história.

Neste jogo nós trabalhadoras e trabalhadores venceremos ou perderemos. É o acirramento da luta de classes e não pode existir vacilação.

Nós estamos do lado de cá da trincheira e juntas e juntos podemos vencer!

O amor vai vencer o ódio!

Faça amor, não faça guerra!

(*) Professora Aposentada da Rede Municipal de  Ensino de Porto Alegre. Vice Presidenta da CTB/RS, licenciada.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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