Opinião
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13 de setembro de 2018
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10:40

Paisagem da cidade: patrimônio de todos (por Oritz Adriano Adams de Campos)

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Paisagem da cidade: patrimônio de todos (por Oritz Adriano Adams de Campos)
Paisagem da cidade: patrimônio de todos (por Oritz Adriano Adams de Campos)
Museu da Baronesa – O conjunto histórico de Pelotas agora é Patrimônio Cultural Brasileiro. (Foto: Museu da Baronesa/Facebook/Reprodução)

Oritz Adriano Adams de Campos (*)

As cidades são uma construção social fruto da contribuição de todos os indivíduos e da ação de grupos com interesses coletivos. Edifícios, casas e construções históricas são testemunhas do tempo e constituem a identidade de uma cidade, um estado e uma nação.

Falar sobre patrimônio é também falar sobre história, memória e cultura. As construções são o reflexo de uma época – do estilo predominante, das tendências de uma geração, da ciência e da tecnologia disponíveis, da política de estado vigente – e sua permanência no tempo depende da consciência da sociedade e da construção de políticas de promoção e preservação.

A preservação do patrimônio, diferente do que muitos pensam, está associada ao desenvolvimento urbano sustentável quando incorpora a perspectiva de longa permanência no tempo e valoriza a ideia de que adequar e reciclar edifícios é mais sustentável do que demolir. Um bom exemplo está em Pelotas, cidade gaúcha que aproveita o patrimônio histórico e a cultura doceira como oportunidade para geração de renda e valor imobiliário, comercial e turístico.

O conjunto histórico de Pelotas agora é Patrimônio Cultural Brasileiro. O conjunto é formado por quatro praças, um parque, a Chácara da Baronesa e a Charqueada São João. A última, construída entre 1807 e 1810, fica às margens do Arroio Pelotas. Depois do conjunto histórico, a tradição doceira de Pelotas foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

Para que tenhamos a história sempre viva, como parte do que fomos e somos, além de buscar a sustentabilidade com a manutenção e reuso das edificações, faz-se necessário propor planos que mantenham a identidade dos bairros, qualificando seus espaços e respeitando as preexistências, de forma a reforçar os vínculos do cidadão com a história da cidade.

O debate sobre Patrimônio Histórico e Cultural é múltiplo e diverso, interage com outras áreas do conhecimento e sua gestão acontece de diversas formas, algumas louváveis, outras com urgente necessidade de correção e readequação. Como parte do trabalho de arquitetos e urbanistas, patrimônio histórico será um dos temas do Seminário de Exercício Profissional, que ocorre nesta quinta e sexta-feira na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre. Haverá transmissão na página do CAU/RS no Facebook para que todos possam acompanhar este importante e necessário debate.

A paisagem da cidade é patrimônio de todos e passa pela criação de políticas de patrimônio ambiental – natural e cultural – voltadas à qualificação espacial das paisagens representativas, em diferentes escalas territoriais, seja por conta de seu potencial científico ou estético.

(*) Coordenador da Comissão de Exercício Profissional do CAU/RS.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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