Opinião
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19 de setembro de 2018
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13:21

O PIB do RS em 2017 (por Roberto Pereira da Rocha)

Por
Sul 21
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“O indicador da FIPE subestima o crescimento do RS porque subestima o peso dos trimestres anteriores”. (Foto: Agência Brasil)

Roberto Pereira da Rocha (*)

É difícil avaliar tecnicamente um indicador divulgado em um PDF sem metodologia e uma série de números para analisar. Pesquisadores simplesmente ignoram indicadores elaborados desta maneira, por não serem verificáveis. Este é caso do indicador que a FIPE e o Governo do Estado querem chamar de PIB. Porém, como parte da mídia ainda quer salvar as aparências do governo, cabe explicar o assunto. Uma análise técnica rigorosa já foi feita por três professores da contabilidade social e encaminhada ao TCE, aqui irei mostrar porque a taxa de 1 % de crescimento da economia do RS está errada.

Apesar de tudo, nem FIPE, nem governo, comunidade acadêmica, nem usuários nunca questionaram a consistência dos cálculos e da metodologia da FEE. Muito bem, como se pode ver pelas taxas divulgadas pelo IBGE e a FEE, Brasil e RS cresciam até setembro de 2017 (terceiro trimestre), 0,6% e 1,3% respectivamente.  Ou seja, o RS crescia o dobro que o Brasil e já tinha passado da casa de 1 %. Fica a questão então, como pode o Brasil e o RS terem alcançado a mesma de taxa de 1% em 2017? Matematicamente pela série da FEE isso só ocorreria se a taxa do último trimestre do RS fosse 0,4 %. O problema é a própria FIPE estima como 1,7% o último trimestre, o que indicaria um crescimento de mais de 1% na taxa da FEE. O Índice de Atividade Econômica Regional – Rio Grande do Sul (IBCR-RS), que é calculado pelo Banco Central e captava a tendência do PIB Trimestral da FEE, calculou para o trimestre a taxa de 2,3%, o acumulado até setembro de 2% e para o ano 2,1%, o dobro do indicador da FIPE. Olhando a tendência, e o comportamento dos indicadores do último trimestre, podemos dizer que a taxa de 2017 da FEE ficaria entre 1,4% e 1,6%, nunca 1%.

Parece claro que o indicador da FIPE subestima o crescimento do RS porque subestima o peso dos trimestres anteriores. Isso decorre tanto da falta dos dados mais detalhados do IBGE como de problemas da metodologia usada por eles, dado que o Banco Central, sem os dados do IBGE, consegue captar as tendências do PIB Gaúcho de forma mais acurada. Falta informação, conhecimento e estudo por parte da FIPE.

O governo do Rio Grande do Sul quer pagar caro por um trabalho errado e que ainda subestima o crescimento do RS. Quanta ignorância, incompetência e irresponsabilidade do Governo Sartori.

(*) Analista Pesquisador em Economia, ex-coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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