Opinião
|
15 de julho de 2018
|
22:59

O baixo astral de Porto Alegre! (por Silvana Conti)

Por
Sul 21
[email protected]
O baixo astral de Porto Alegre! (por Silvana Conti)
O baixo astral de Porto Alegre! (por Silvana Conti)
Batalhão de Choque da Brigada Militar na entrada da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Silvana Conti (*)

A forma de gestão de Temer, Sartori e Marchezan, faz parte de um projeto ultra liberal e conservador de desmonte do serviço público, venda do patrimônio público e ataque as(os) servidores e servidoras públicos que estão sendo criminalizados(as), assediados(as), desvalorizados(as) e tratados(as) como vândalos e bandidos(as).

Desta forma o Brasil, o Rio Grande do Sul e Porto Alegre vivem sob o comando de gestores que incorporaram o discurso da modernidade para enganar a população, e que não escondem querer o modelo de Estado Mínimo.

Estes entreguistas, privatistas que são algozes da classe trabalhadora, não vão sossegar enquanto não retirarem todos os nossos direitos, criminalizarem os movimentos sociais e populares, criminalizarem o movimento sindical e privatizarem tudo que é público.

A cidade de Porto Alegre vive em num baixo astral e anda de marcha ré com o tamanho retrocesso e ataques que acontecem diariamente desde Janeiro de 2017.

O prefeito Nelson “Malchezan” Júnior faz MAL à cidade de Porto Alegre, à educação, à saúde, à assistência social, ao saneamento e a água, à segurança, ao transporte, à cultura, ao patrimônio público e cultural, ao carnaval, ao esporte e o lazer, enfim, faz MAL a todas as políticas públicas.

A população da nossa cidade tem o direito de ter atendimento de qualidade nos equipamentos públicos, seja nos postos de saúde, nas escolas municipais e todos os outros.

Na última quarta – feira, dia 11 de Julho de 2018, vivemos um dia tenebroso, onde o Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Valter Nagelstein fechou as portas e portões da Casa do Povo e provocou uma das maiores violências que já sofremos como categoria municipária.

Nossas armas são nossas palavras de ordem, nosso trabalho na perspectiva de oferecermos um serviço público de qualidade, nossa luta por direitos e dignidade, e fomos atacadas(os) de forma covarde pela tropa de choque e pela ROMU. As bombas, os cacetetes, o traumatismo craniano, a prisão, lembraram as torturas sofridas por muitos e muitas que lutaram em defesa da democracia no período da ditadura militar. Os dias de chumbo de 1964 nos lembram o período que estamos vivendo na capital gaúcha.

Conseguimos com muita luta e resistência derrotar Marchezan (22 votos x 6 votos) e manter o direito de termos nossas carreiras com as regras garantidas conforme o concurso que prestamos.

O baixo astral continuará e ainda estão por vir outros projetos de lei que fazem parte do pacote de maldades que o prefeito tucano faz questão de aprovar, mas não tem tido sucesso, pois além de ser um péssimo gestor, Nelson Marchezan Junior (PSDB) não consegue dialogar nem com sua base governista.

Nesta gestão turva e nada transparente como aponta a   auditoria de 2017 [Informação nº 044/2017], o TCE confirmou que o governo Marchezan tinha, sim, disponibilidade em caixa e podia pagar os salários em dia, porém fez a opção política de parcelar.

Apesar de terminar 2017 com superávit de R$ 161 milhões, o governo contraiu juros para pagar o 13º e causou prejuízos aos cofres públicos, ficando sujeito ao enquadramento por improbidade administrativa.

O relatório de disponibilidades da LRF mostra que no final de 2017 havia R$ 16,8 milhões disponíveis do FUNDEB, recurso que poderia ser usado para pagar o salário dos professores(as), mas o governo deixou em caixa e se endividou para pagar o 13º parcelado e com juros.

Após decisão judicial, será analisado na Câmara Municipal o pedido de admissibilidade de impeachement do prefeito já nesta segunda-feira, dia 16 de Julho.

O pedido de impeachment leva em conta um repasse de recursos para a Carris sem autorização do Legislativo. A ação é assinada por um ex-colega de partido de Marchezan. O ofício está amparado no descumprimento, por parte do Executivo, ao que determina o Orçamento aprovado pela Câmara. Na ocasião, o Legislativo aprovou orçamento de R$ 9,8 milhões para a Carris, mas Marchezan determinou repasse de R$ 48,7 milhões, ultrapassando em quase R$ 40 milhões o montante aprovado pelos vereadores.

O prefeito Marchezan manipula dados para simular uma situação de caos e, assim, viabilizar seu projeto de desmonte dos serviços públicos.

Não sei se existem fatos suficientes para “impeatchemar” o Prefeito, mas tenho convicção que se torna urgente nossa cidade que já foi referência internacional da gestão democrática e da educação pública de qualidade, ter uma gestora ou gestor que represente as necessidades e os anseios da população e que restabeleça imediatamente o diálogo e o respeito com cada morador e moradora da nossa Porto Alegre.

“Deu pra ti baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau”.

(*) Professora aposentada da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, vice-presidenta da CTB/RS – licenciada.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora