Opinião
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15 de março de 2018
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22:17

Os sonhos de Marielle são nossos sonhos (por Everton Gimenis)

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Sul 21
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Os sonhos de Marielle são nossos sonhos (por Everton Gimenis)
Os sonhos de Marielle são nossos sonhos (por Everton Gimenis)
Homenagem a Marielle em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. (Tania Rego/ Agencia Brasil)

 Everton Gimenis (*)

Escrevo estas linhas no exato momento da chegada dos caixões com os corpos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Pedro Gomes, executados na noite da quarta-feira, 14/3, no Rio de Janeiro. Muita emoção e aplausos da multidão indignada que exige saber quem matou e por que matou uma mulher que sempre lutou em defesa de uma sociedade mais justa, democrática, a favor dos direitos humanos, dos negros e negras e do sofrido povo do Brasil.

Marielle Franco se expressou, escrevendo no dia anterior à sua morte: “Quantos mais irão precisar morrer para que essa guerra acabe? “. Nas redes sociais, um texto da Comissão dos Direitos Humanos de diferentes estados ecoa no mundo: “a execução brutal e covarde de Marielle demonstra a violência que se alastra pelo país, a qual não deve e não pode continuar banalizada, principalmente no cotidiano das periferias. Esta violência é inquietante para a democracia, que deve construir alternativas para a segurança da sociedade e os direitos de todos e todas”.

No mesmo sentido, a imprensa internacional denuncia o fato como um crime político, derrubando a última máscara do governo golpista. A manchete do diário El Pais, de Montevideo, talvez seja a melhor síntese da atmosfera cinza que cobre o nosso país: “Ativista contra a intervenção militar no Rio e oposição a Temer foi assassinada a tiros”.

Como presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, manifesto minha indignação e revolta diante de mais um crime que se soma à surda guerra que ceifa vidas da brava gente brasileira, que ousa levantar suas vozes contra o golpe, contra a quadrilha que ocupou o Palácio do Planalto e que botou o Exército nas ruas do Rio de Janeiro só para reprimir o povo trabalhador. Ao mesmo tempo, expresso a total solidariedade aos familiares e me somo à exigência nacional e mundial por uma rigorosa apuração desse crime bárbaro.

Entendo, também, que a morte de Marielle configura-se como mais um ataque das forças conservadoras contra todos aqueles que lutam contra a repressão e a violência aos pobres, negros e militantes dos movimentos sociais. Eles não passarão!

Olho para os olhos dos meus filhos e me asseguro que jamais vou perder as esperanças por um mundo mais justo e igualitário, onde eles possam viver com dignidade quando forem pai e mãe.

Minha maior esperança é que a morte de Marielle deixe como legado o despertar da indignação adormecida de muitos bancários e da classe trabalhadora como um todo. Assim, unidos, seremos capazes de mudar a história do nosso país e a vida dos nossos filhos. É preciso dizer: com unidade levamos adiante e realizamos nossos sonhos. Os sonhos de Marielle são também os nossos sonhos.

(*) Presidente do SindBancários


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