Opinião
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26 de março de 2018
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16:48

Aniversário da Capital: o que temos a comemorar? (por Marcelo Sgarbossa)

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Sul 21
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Aniversário da Capital: o que temos a comemorar? (por Marcelo Sgarbossa)
Aniversário da Capital: o que temos a comemorar? (por Marcelo Sgarbossa)
Vereador Marcelo Sgarbossa. (Foto: Matheus Piccini/CMPA)

 Marcelo Sgarbossa (*)

Em 26 de março, Porto Alegre completa 246 anos. A cidade que já foi referência mundial em participação popular, infelizmente, não tem muito a comemorar. O aniversário da Capital ocorre poucos dias após os atos de violência contra a passagem da caravana do ex-presidente Lula pelo Rio Grande do Sul. Ações que envergonham a nossa população perante o País inteiro, e demonstram que estamos chegando a níveis inaceitáveis de intolerância na política.

Em geral, aniversários são momentos de comemorações, mas também devem servir para que possamos refletir. A violência cometida por manifestantes, incentivada e comemorada por lideranças políticas da direita gaúcha, refletem um pouco do momento histórico que também tomou conta de Porto Alegre. Uma cidade triste que foi abandonada por Marchezan Júnior, um prefeito que acolheu em seu gabinete integrantes do mesmo movimento que protagonizou os atos violentos no interior do Estado. Uma capital que historicamente se posicionou em defesa da Legalidade e da Democracia não pode tolerar demonstrações antidemocráticas e truculentas, próximas do fascismo e de Estados de Exceção.

Desde que Marchezan assumiu, Porto Alegre acelerou na contramão dos princípios democráticos. A gestão tucana calou as estruturas de participação popular no Orçamento Participativo e nos conselhos setoriais. Um prefeito que faz de tudo para atacar o funcionalismo, desmontou o serviço público numa clara demonstração de falta de compromisso com a população mais carente.

A mais recente iniciativa para tentar amordaçar os movimentos populares é a chamada Lei Antivandalismo. Além de inconstitucional, o texto remete aos regimes autoritários, uma realidade que o Brasil amargou por mais de duas décadas e que mancharam a nossa história com sangue, desaparecimentos e assassinatos por motivações políticas.

Ao fazer um balanço do que estamos vivendo temos que entender para que lado estamos indo. O compromisso com o avanço civilizatório exige essa reflexão. O rumo de nossas vidas e o destino das nossas cidades está diretamente relacionado com as posições de nossos governantes e com as ações da cidadania.

Construir uma cidade mais humana está em nossas mãos. Um modelo de cidade voltado às pessoas, com transporte público de qualidade e tarifa justa, com servidores valorizados e atuantes, e com gestores que realmente trabalham para garantir mais qualidade de vida à população, e não apenas para as elites.

Estamos num momento histórico importante em que não podemos nos calar ou nos acovardar diante da opressão de quem não sabe conviver com a Democracia. Porto Alegre já demonstrou que pode reagir, de forma firme e participativa.

É hora de a população exigir que a atual administração tenha compromisso com a construção de uma cidade democrática, que governe para todas e todos, e não somente para alguns financiadores de campanha. Queremos voltar a viver na Capital que aprendemos a amar, onde o respeito às manifestações plurais seja preponderante para que a cidade retome a alegria que carrega em seu nome.

(*) Vereador de Porto Alegre (PT), líder da Oposição na Câmara Municipal


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