Opinião
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22 de fevereiro de 2018
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19:48

A segurança e a esperança (por Sofia Cavedon)

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Sul 21
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A segurança e a esperança (por Sofia Cavedon)
A segurança e a esperança (por Sofia Cavedon)
“O mesmo governador que deve responder por nossa segurança, tem como política educacional o choque de gestão: fechar escolas”. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Sofia Cavedon (*)

Aconteceu de novo comigo: saio de uma reunião e o carro estava arrombado. Já o encontrei apenas apoiado pelo “macaco”, já levaram o estepe milhares de vezes, o celular, o computador de dentro de casa, os meninos já abordados a mão armada, etc, etc. Depois do choque, a conformidade: ainda bem que estamos vivos, na próxima vou pôr numa garagem, vão-se os anéis… Coloquei um desabafo nas redes e retornaram relatos de outros tantos episódios, de medos, de restrições de horários, de indignação, de desespero, que volto a pensar que temos que levar muito mais fundo e coletivamente o enfrentamento deste que é o maior fracasso da história humana: a garantia da vida.

Alguém dirá: está acordando agora? Já me adianto: não! Já fiz inúmeras reuniões em comunidades sobre o tema, outras tantas visitas, debates e acompanhamento de escolas e espaços públicos atingidos pela violência do entorno; ajudei a construir o conselho comunitário de segurança de Petrópolis, meu bairro, grupo de watts, aproximação com a ação da Brigada Militar; entro nas frentes, fóruns, comitês contra as violências, tomei a iniciativa da constituição da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal… mas tudo é pouco!

A intervenção militar no Rio de Janeiro, que toma conta do debate nesses dias é medida extrema e será inócua se o tema for tratado apenas na dimensão da repressão ostensiva. Aliás, é demonstrativa da ineficácia dessa lógica!

Se pensarmos nas centenas de milhares de pessoas que, por alguma conjunção fizeram do crime a sua forma de sobrevivência – e o quanto recrutam e reproduzem-na desde a infância – e que circulam no cotidiano de nossas vidas na espreita da oportunidade, nos desesperamos!

No entanto, parece tão simples chegar à conclusão que temos que cessar a produção de criminosos, mas o mesmo governador que deve responder por nossa segurança, tem como política educacional o choque de gestão: fechar escolas. Abandona espaços que deveriam ser ampliados em turno e em ofertas culturais, esportivas e de trabalho educativo, em lugares empobrecidos e conflagrados como a Grande Cruzeiro aqui na Capital! O prefeito, que precisa organizar a cidade e apoiar a cidadania para construir alternativas de paz, fechou a Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação!

Se todos os que se revoltam com o crime e a violência nos ajudarem na reação a medidas como essas, sairemos do desespero e construiremos a esperança. Esperança é a condição de quem acredita na mudança. Eu acredito!

(*) Vereadora PT Porto Alegre

 


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