Opinião
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13 de janeiro de 2018
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10:32

Um registro histórico (por Ubiratan de Souza)

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Sul 21
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Um registro histórico (por Ubiratan de Souza)
Um registro histórico (por Ubiratan de Souza)
Grupo dos setenta presos políticos libertados em troca do embaixador suíço.

Ubiratan de Souza

No dia 13 de janeiro de 1971, há 47 anos, saindo da base aérea do Galeão partiu o Vôo da Liberdade que salvou 70 patriotas brasileiros (as) dos centros de tortura da ditadura civil-militar, em direção a Santiago do Chile, trocados pelo embaixador da Suíça no Brasil. Eu, Ubiratan de Souza, jovem com 22 anos era um dos 70. Cabe aqui, o agradecimento eterno ao Comandante Carlos Lamarca e a todos e todas camaradas da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) que participaram da operação do sequestro, arriscando as suas vidas para a nossa libertação.

Um pouco da história. No dia 7 de dezembro de 1970, um comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), chefiado pessoalmente pelo capitão Carlos Lamarca, sequestra no Rio o embaixador da Suíça, Giovanni Enrico Bucher. A exigência principal é a troca do embaixador por 70 prisioneiros políticos. Este já era o quarto sequestro de diplomatas executado pela guerrilha. A ditadura ganha tempo nas negociações e joga criminosamente com a vida do embaixador, negando várias exigências da guerrilha com a intenção clara de desgastar o comando guerrilheiro e ao mesmo tempo localizar seu esconderijo.

A maioria da direção da VPR decide executar o embaixador, responsabilizando a ditadura pelo fracasso das conversações. Nestas circunstâncias, Lamarca se revela um grande estrategista político e humanista, usando da sua autoridade de comandante veta a decisão e continua as negociações, assegurando a troca dos 70 prisioneiros políticos. Foram 37 dias de negociação e finalmente o Vôo da Liberdade decola no dia 13 de janeiro de 1971, chegando na madrugada do di em Santiago do Chile, governado pelo grande presidente socialista Salvador Allende, herói da América Latina na luta por democracia e socialismo.

Veja o vídeo histórico, abaixo, com a chegada dos 70 guerrilheiros em Santiago de Chile na madrugada do dia 14 de janeiro de 1971. É um trecho do documentário “Quando chegar o momento”  de Luiz Barreto Sanz, sobre a vida da companheira Dora (Maria Auxiliadora Barcelos). Os dois estavam entre os 70). O jovem de camisa escura, sem bigode, de óculos, fazendo uma saudação e segurando a bandeira chilena é Ubiratan de Souza.


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