Opinião
|
26 de outubro de 2016
|
17:43

Nota de Repúdio à declaração do deputado estadual e candidato a Prefeito de Santa Maria (RS) Jorge Pozzobom (de coletivos de mulheres de SM)

Por
Sul 21
[email protected]
Jorge Pozzobom | Ramiro Furquim/Sul21
Jorge Pozzobom | Ramiro Furquim/Sul21

Vimos por meio desta, manifestar repúdio à declaração do deputado estadual e candidato a prefeito de Santa Maria/RS, Jorge Pozzobom (PSDB). Durante painel realizado pelo Conselho Municipal de Saúde, na quinta-feira, dia 20/10/16, Pozzobom traçou publicamente uma relação entre o número de gestações com métodos de contracepção não reconhecidos pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (MS/2004), muito menos pela Lei 9263/1996 que trata do Planejamento Familiar no Brasil – no caso o uso de colas instantâneas, do tipo polímero acrílico que forma uma adesão instantânea entre os materiais (popularmente conhecida como Super Bonder).

O candidato declarou que, ao saber que sua empregada doméstica estava grávida do quarto filho, disse à ela que lhe daria “um superbonder” para parar de ter filhos:  “A minha empregada que tá trabalhando comigo, tá grávida, o quarto bebê. Eu brinquei com ela [destaque nosso], Silvana vou te dar um presente. Ai, o que seu Jorge? Vou te dar um superbonder, o quarto bebê...”.

Muitas vezes, deixamos de expressar repúdio ou denunciar as formas de violências contra as mulheres, principalmente exercidas por pessoas que ocupam cargos de representação política. Porém, é justamente por ocupar estes espaços de representação, que devemos mostrar que a fala do deputado, assumida por ele como  uma “brincadeira”,   não apenas reforça a discriminação contra as mulheres como desvaloriza as lutas das mulheres no campo dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos.

Mesmo ao tomar conhecimento do descontentamento da população com relação a sua fala, em mídia local, o candidato revalida seu discurso: “Eu estava na reunião do Conselho Municipal da Saúde tratando da importância do planejamento familiar, e dei um exemplo de uma brincadeira que eu fiz, dentro de casa [destaque nosso], com a Silvana, que trabalha comigo e que está grávida do terceiro filho. Foi um jeito de dizer: “Te cuida, guria!“.

O machismo e as violências contra as mulheres são passadas e reforçadas também no cotidiano e no privado, como formas de “brincadeiras”, como foi o caso do deputado com sua piada ofensiva. Além do mais, do privado, passou-se ao público, no momento em que o deputado expõe as mulheres, no sentido de culpabilizá-las e humilhá-las publicamente; a ela e a outras mulheres que têm o número de filhos criticado por ele.

Cabe lembrar que a noção de direitos sexuais e reprodutivos, defendida nas Conferências Internacionais e na Lei 9263/1996, envolve o direito de decidir sobre a reprodução sem sofrer discriminação, coerção, violência ou restrição ao número de filhos e intervalo entre seus nascimentos. Esse direito inalienável está promulgado desde a I Conferência Mundial de Direitos Humanos, em 1968, promovida pela ONU, quando foi proclamado que os pais têm o direito fundamental de determinar livremente o número de filhos e os intervalos entre seus nascimentos.

Reforçamos, com esta Nota de Repúdio, que a violência contra as mulheres, perpetrada via discurso público pelo candidato, constitui uma das principais formas de violação de seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física (BRASIL, 2008). Lembramos que no Brasil, a violência contra a mulher é crime previsto em leis nacionais, legitimado em acordos internacionais, a exemplos da Lei Maria da Penha nº 11.340/2006, da Lei do Feminicídio nº 13.104/2015 e da Convenção de Belém do Pará, que caracterizam como intolerável qualquer violência de gênero contra as mulheres, devendo esta ser denunciada e investigada, com seus respectivos autores identificados, responsabilizados e punidos.

FÓRUM DE MULHERES DE SANTA MARIA/RS

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

FRENTE NACIONAL DE MULHERES NO HIP HOP REGIÃO SUL

MARIAS BONITAS FAZENDO HISTÓRIA

NÚCLEO DE ESTUDOS MULHERES, GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS (NEMGEP/UFSM)

GRUPO DE PESQUISA, SAÚDE MINORIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO (SMIC/ UFSM)

FRENTE DE MULHERES DE SANTA MARIA

GRUPO DE ESTUDOS UNIVERSIDADE DAS MULHERES

CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES(CUT)

DIRETÓRIO ACADÊMICO QUILOMBO DOS PALMARES(DAQUIPALM/UFSM)

GRUPO DE TRABALHO (GT) – MULHERES DA ASSUFSM

SEMPRE NA LUTA COLETIVO POLÍTICO DA ASSUFSM

FÓRUM REGIONAL DE TRABALHADORES/AS DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DA REGIÃO CENTRO DO RS (FORTSUAS CENTRO/RS)

DIRETÓRIO ACADÊMICO DO SERVIÇO SOCIAL/UFSM

DIRETÓRIO ACADÊMICO DA PSICOLOGIA/UNIFRA

GRUPO DE PESQUISA EL@s/UFSM

GRUPO DE PESQUISA EDUCAÇÃO E GÊNERO/UFSM

KIZOMBA

LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE

MANAS DAS RI – COLETIVO DAS ESTUDANTES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (UFSM)

.oOo.

Sul21 reserva este espaço para seus leitores. Envie sua colaboração para o e-mail [email protected], com nome e profissão.

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora