Opinião
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19 de setembro de 2016
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03:00

Stanislaw Ponte Preta Again (por Jorge Alberto Benitz)

Por
Sul 21
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stanislaw-ponte-preta-livros_jazz-e1452275969321Estou tentando, sem sucesso, entrar em contato com o Stanislaw Ponte Preta. Não sei se não gostou dos meus contatos anteriores ou se está com a linha, como os Serviços de Atendimento ao Consumidor das Operadoras das Téles, congestionada dado o volume de gente querendo um papo com alguém como ele que entendeu como poucos o grau de indigência politica e cultural tupiniquim. Meu contato, para quem ainda não sabe, é via psicografia, uma espécie de Embratel que liga n&oa cute;s, os vivos, com os que, como diz Rolando Boldrin, partiram antes do combinado. Aos que duvidam desta forma de contato eu digo: Não tenho provas, mas tenho convicção de sua validade. É um pouco ou muito estranha esta afirmação se se considerar vinda de um ateu confesso, pero……

Deixando de lado os prolegômenos, eis que, depois de muita insistência, consigo estabelecer contato com o próprio. Para azar dá um branco, justamente, na hora em que isso acontece. São tantas as indagações que me atrapalho. Passado um tempo, que pareceu uma eternidade (Ops!), consigo retomar o prumo e começo a fazer perguntas psicografadas:

– Como é que está ai? – Vi que se fez um silêncio, tradução de demora na resposta, diante de uma pergunta tão estúpida feita a alguem que está, digamos, em outra dimensão. Para disfarçar engatei nesta pergunta outra melhor um pouquinho:

– O Festival de Besteiras Que Assola o País, que você criou e está na edição 2016, continua bombando. Desculpas pela gíria. Quero dizer: continua um sucesso. É tanta coisa que a gente meio que perde o fio da meada. Ainda mais nestes tempos de internet que inflacionou o mercado de besteiras de tal modo que fica difícil criar um ranking para escolher qual a melhor, digo, pior bobagem escrita, falada ou televisionada neste vasto país continente, não é?

– Como já te disse antes, pouco me informo sobre o que ocorre hoje no Brasil. Quando vim para cá, pode se dizer que me aposentei. Vez que outra dou uma espiada e rio de uma ou outra coisa e até penso que se aí estivesse teria muito mais material do que na minha época, com certeza- Deu uma parada que entendi como um sinal de que se escafederia dado o baixo nível das minhas perguntas. Fui desmentido, pela continuidade do seu relato:

– Confesso que vejo o cenário atual mais com um espirito triste do que com ar de deboche e galhofa. Ver que pouco se avançou social, politica e culturalmente não tem nenhuma graça. Alias, estou falando do momento atual. Nos últimos tempos até se avançou em alguns pontos importantes da sociedade e da politica, mas agora vem esta pá de cal e tudo volta ao rame rame de sempre com este personagem sinistro que tomou as rédeas do país na mão de um jeito arrevesado, não é?

– Verdade! – Estou com a impressão de que lá eles ficam mais recatados. Até um cara como o Sérgio, digo, Stanislaw, está com um linguajar mais contido. Deve ser um código de conduta deste outro mundo. Ainda assim percebo seu entendimento pleno dos fatos em curso e acrescento:

– É bom saber que seu senso crítico continua afiado. Creio que percebestes a proliferação de, usando uma metonímia, Ibrahims Sueds hoje em dia. A propósito, tem um italiano Umberto Eco que, talvez você agora possa encontrar por aí já que……Pois bem, este gringo que era muito culto, bem humorado e, também,  afiadíssimo,  disse que este troço chamado internet, que você não conheceu porque foi para esta dimensão  antes mesmo do telex, deu voz aos imbecis. Imbecis que na sua época, pelo menos publicamente, não se manifestavam e agora só dá eles no pedaço, por assim dizer. O que você acha da opinião dele?

– Imbecis sempre houve desde que o mundo é mundo. Dizer o quê? Faltam-me informações para externar uma opinião melhor sobre esta questão. Você é que deve me abastecer sobre o que está acontecendo e não o contrário. O que eu tinha de dizer e fazer já fiz neste pouco tempo em que estive por aí, correto?

– Fui mal. Você tem razão. Cabe a nós entender o mundo em que vivemos e não ficar enchendo o saco de vocês. Desculpas. Prometo que só vou manter outro contato se for urgência urgentíssima – Percebi que o contato com ele já tinha terminado. Nem sei se ele ouviu minhas desculpas. Pouco sei do mundo de lá e espero continuar não sabendo por um bom tempo.

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Jorge Alberto Benitz é Consultor Técnico.

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