Opinião
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21 de outubro de 2015
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09:52

O Cais Mauá como modelo de negócios (por Rafael Passos)

Por
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O Cais Mauá como modelo de negócios (por Rafael Passos)
O Cais Mauá como modelo de negócios (por Rafael Passos)

A inovação no Brasil não sai do discurso, seja no setor privado ou público. Talvez por isso nossos publicitários ganhem tantos prêmios internacionais. Têm que pôr roupa nova em produto velho.

Promover a economia criativa da capital é pauta comum da iniciativa privada e dos diferentes campos político-partidários. Falam muito, fazem pouco.

Contrariando os exemplos mundiais, o projeto para o Cais Mauá é monofuncional – comércio, prédios corporativos, e shopping. Mais do mesmo. Sem propor maior diversificação, opta por concorrer com o comércio de rua do centro, e com todos os demais shoppings. Aliás, o mix é irmão gêmeo do Barra Shopping Sul.

O badalado Puerto Madero, por exemplo, reúne museu e universidade. Na Europa, são inúmeros os exemplos de projetos urbanos deste tipo que diversificam os usos, criando nova demanda ao comércio, turismo e negócios.

Aqui, parecem apostar tudo no potencial do Cais, Guaíba e pôr-do-sol de atrair demanda.

Façamos um rápido exercício criativo.

O turismo receptivo em Porto Alegre é liderado pelos setores de negócios e eventos, mas carece de um grande equipamento que amplie seu potencial. Imaginemos um Centro de Convenções Cais Mauá, de grande porte, diferenciado por sua centralidade, pela beleza do entorno, e por espaços diversos em forma e dimensões.

Porto Alegre tem importante produção cultural e artística, virtude que vem se perdendo por falta de incentivos, como a oferta de melhores e mais diversos espaços expositivos.

A capital da Bienal do Mercosul poderia ter ali, junto ao Cais histórico, um Museu de Arte Contemporânea com arquitetura representativa, ampliando a demanda local e turística.

Porto Alegre é um centro de produção audiovisual no país, mas uma boa proposta do Estado para criar no Cais um polo do setor jaz morta nos troca-troca de governos.

São muitas as oportunidades desperdiçadas em um único projeto. Empreendedores e gestores da província parecem cegos ao potencial da cultura como vetor de desenvolvimento econômico. Seguem surdos ao capital cultural local, cujos talentos, sem oportunidades, perdemos para outros estados e países.

.oOo.

Rafael Passos é arquiteto e urbanista, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS).

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