Opinião
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26 de janeiro de 2011
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08:00

Jogador de futebol é ingênuo? Ou é o dirigente?

Por
Sul 21
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Jorge Seadi

Desde pequeno, com uma bola de papel, de borracha, de couro… em casa, no meio da rua ou nos campos de pelada, jogar futebol é o sonho de muitos brasileiros. De ricos e pobres. O rico faz do futebol divertimento e muito poucos se arriscam a correr atrás da bola como profissão. Para o pobre o futebol é meio de vida. O sonho de ficar milionário, de ter fama, mulheres e tudo o que o dinheiro possa comprar. De ser alguém na sociedade. Mas são poucos, uma grande minoria que alcança a fortuna de ser ídolo, de encher a conta bancária com milhares de euros ou dólares. O real valorizado ainda não entra na conta. É por grandes quantidades de dólar ou euros que o jogador brasileiro se arrisca a jogar em times muito menores que os brasileiros. Se arriscam a ir para países e cidades de que nunca ouviram falar. Mas é o dólar, o euro que eles querem. Encher as burras. A fama sonhada ainda menino dá lugar a uma vida de luxo, riqueza e tranquilidade.

Há muito tempo que o jogador não tem mais amor ao clube que o criou. Rogérios Cenis são pouquissímos. Dá para contar nos dedos das mãos. Os jogadores de hoje se dizem profissionais. Amor à camisa não existe mais. Só ficam no clube quando ganham dinheiro ou não têm para onde ir para ganhar mais. Não são raros aqueles que assinam contrato longos mas sabem que é apenas uma formalidade. Logo ali adiante vão fazer de tudo para o clube vendê-lo. Basta que apareça alguma oferta.

Mas o jogador não é o único culpado. O dirigente, por ingenuidade ou por esperteza, promete o impossível para o jogador a fim de que ele assine contrato, entre em campo, ganhe um campeonato — se possível — para logo depois vendê-lo. Será que o Jonas foi esperto quando renovou com o Grêmio em março do ano passado ou os dirigentes não souberam negociar?

No ano passado, Paulo Odone se candidatou para ser presidente do Grêmio, mais uma vez. Em outubro, ganhou a eleição. E fez um pedido aos dirigentes responsáveis pelo clube até o final de 2010: classificar o clube para a Libertadores 2011. E ganhou tão desejado presente. Na posse, gozou o adversário que havia perdido a semifinal do mundial de clubes e prometeu levar o seu time do coração à disputa de mais um título mundial. Naquele dia já tinha como certa a contratação de Ronaldinho Gaúcho. Seria a volta do filho pródigo. E um lance magistral contra o adversário que voltava de Abu Dhabi com “o rabo entre as pernas”.

Vinte e cinco dias do novo ano e o que se vê é um Grêmio “atolado” em fracassos. Primeiro foi o próprio Ronaldinho que preferiu as alegrias das rodas de samba e a brisa do mar e foi jogar no Flamengo. Depois, todas as anunciadas contratações como do zagueiro Rodolfo e do meio campo Gilberto Silva não aconteceram. E ainda depois a saída Jonas… É assim, com o torcedor irritado, que o Grêmio está em Montevidéu para o primeiro jogo da pré-libertadores contra o pequeno Liverpool. Renato Portaluppi, que proibiu os jogadores de darem entrevista, confirmou que Jonas fará muita falta ao seu time. Um novo atacante será escalado.

Enquanto o time está na capital uruguaia, os dirigentes correm para consertar os erros cometidos até aqui. Contratar é preciso…

* Jorge Seadi é jornalista


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