*Adão Villaverde
A trajetória do Legislativo se funde com a história do RS com sua cultura política de autenticidade, de identidades ideológicas e de afirmação da justiça que remonta à herança democrática da Grécia de Aristóteles, à capacidade crítica do Iluminismo, aos farrapos, ao transcendente movimento de 30, ao movimento épico pela Legalidade em 61, à resistência ao golpe ditatorial de 64, à luta pela redemocratização que se seguiu nos anos de chumbo e ao Estado gaúcho que está emergindo da Era Lula. Nos grandes momentos o Legislativo converteu-se num amparo moral e ético para seu povo e foi trincheira de proteção dos seus mais altos valores, por democracia e liberdades. Alcançou tal notoriedade porque, sempre que exigido, pautou-se por destemor, conteúdos fundamentados e denodo inquebrantável, das convicções dos que por ele passaram.
Vamos presidi-lo no exato momento em que o governador Tarso Genro assume a enorme tarefa de sintonizar o RS com as profundas transformações que o BR vem vivenciando, agora sob o comando de nossa presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher no mais algo cargo executivo do país. Neste momento histórico, pretendemos nos postar com a independência e a autonomia que nossa Constituição requer, mas com a harmonia, a coragem e a responsabilidade que, tenho certeza, os gaúchos esperam da representação que nos conferiram. O papel do Parlamento se reduziu pela s determinações constitucionais, ou por subordinação parlamentar aos Executivos, ou, pelo outro extremo, pela tentativa de interditar gestões. Além do equívoco de sua perda de essência, ao substituir a política por sua judicialização.
Da mesma forma que a democracia é desafiada a se atualizar, a representação também o é. Assim, um mandato não pode mais apenas se considerar detentor de uma delegação renovada pelo calendário eleitoral. Sua legitimidade será tanto maior quanto mais ele se aproximar e compartilhar com a sociedade, através do diálogo e de propostas. Este é um elemento decisivo para o resgate da política e de valorização das instituições democráticas. Deveremos, portanto assumir num destes momentos que exige que nossas melhores tradições sirvam de amálgama à construção de um projeto capaz de alçar nosso Estado a outro patamar.
Nesta nova legislatura queremos promover as discussões dos destinos e das soluções para o RS, sem prescindir de praticar o diálogo, respeitar o contraditório, fiscalizar e legislar. Almejamos recolocar o Espaço Público do Parlamento no mesmo espaço superior que outrora esta grandiosa instituição já ocupou. Sem privilegiar bandeiras específicas ou reducionistas, mas de forma plural, respeitosa e comprometida a construir e implementar uma agenda com todos e para todos os amplos setores de nossa sociedade. Desejamos afirmar e reafirmar um Parlamento que ajude o RS a se recolocar no seu lugar protagônico no cenário nacional. Com esta conquista contribuindo para melhorar e qualificar a vida de cada um de nossos cidadãos, que é, de fato, o que mais importa à representação pública que exercemos.
* Engenheiro, professor e deputado estadual PT/RS
