Opinião
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9 de novembro de 2010
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08:00

Para Dilma

Por
Sul 21
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Carmem Maria Craidy *

Há uma geração, hoje madura, que muito lutou na juventude. A chamada geração 60. Creio que foi também a geração do despertar das mulheres para a vida pública, para a militância política, para os muros do mundo além da família. Sou desta geração e a eleição de Dilma provocou-me uma forte emoção que vai além da alegria política de ver na presidência da República alguém em quem acredito, vai além, pois traz o sabor de uma compensação. Traz o sentimento de que valeu a pena e de que nossos/as companheiros/as não esmoreceram.

Sabemos que houve enormes transformações nas formas de luta desde aqueles anos. E Dilma assinalou isto muito bem em seu discurso de posse. Sabemos que a Democracia é um valor fundamental e que radicalizá-la, no sentido de ampliar os espaços de participação de todos, não apenas no poder político, mas na melhoria das condições de vida e de realização humana são os valores norteadores de toda ação. Ouso dizer que já eram os valores das lutas dos anos 1960/70. O que mudou foi a forma de lutar, porque mudou o mundo. Apesar das derrotas e dos sofrimentos, a luta deixou marca profunda que faz com que possamos nos reconhecer 50 anos depois.

Encontrei na Feira do Livro o psiquiatra Jurandir Costa Freire a quem não via desde 1977, tempo de exílio em Paris. Antes de autografar seu livro, cujo título – ” O ponto de vista do outro” -, pode simbolizar os valores de que falei acima, ele me olhou e disse meu nome. Lembrava quem eu era quase quarenta anos depois de nos termos visto pela última vez. Esta é a marca que a luta nos deixou, a marca da solidariedade e do companheirismo.

Obrigada Dilma por teres continuado, por seres como és, por nos dar a compensação de tua presença na presidência deste País que amamos, por permitir que nos sintamos representados/as, por renovar nossas esperanças. Obrigada, estaremos todos/as torcendo e, no possível, tentando ajudar.

A primeira mulher presidente do Brasil é da geração que lutou contra a ditadura, é comprometida com os mesmos valores, com o mesmo povo. É uma de nós. Obrigada, Dilma. Obrigada Lula que, em tua genialidade política, percebeste o quanto ela é capaz e tudo o que ela significa.

* Doutora em Educação


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