Opinião
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23 de novembro de 2010
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07:28

O significado da eleição de Dilma

Por
Sul 21
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Maria Eunice Dias Wolf  *

É inegável a imensa alegria de ver a Dilma eleita Presidente da República. Não só por ser mulher, mas também por ser uma mulher.

E para, além disso, esta vitória confirma que as ações desenvolvidas pelo Presidente Lula, pelo Governo do PT e aliados, estão corretas e tem tido eficácia.

Imaginem, elas são tão consistentes que fez com que o presidente elegesse o seu sucessor.

E não é qualquer sucessor. Cá pra nós, a Dilma, por mais que estivesse cotidianamente ao lado do presidente Lula, por mais capaz que fosse não era uma pessoa conhecida pelos milhões de brasileiros, pela dona de casa, pelo carroceiro, pelo faxineiro e faxineira, pelo micro empresário, etc. Não bastava ser do PT, pairava sobre ela a condição objetiva de substituir um dos maiores líderes construídos pela classe trabalhadora nos últimos 40 anos.

De outro lado, a eleição dela também foi um cala boca para aqueles que diziam que no Brasil existia Lulismo, e que o Lulismo terminaria com fim do governo do presidente Lula. Que pouco ou nada sobraria do PT.

Confirmou-se que com ou sem Lulismo, temos o PT, temos um leque de alianças, temos uma sociedade civil organizada, forte e com clareza política, temos lideranças partidárias, mas também temos intelectualidades que até não compartilham do nosso projeto político, mas que reconhecem que o Governo do PT mudou a cara do Brasil e que isto é bom.

Mas, o relevante é que, novamente, milhões de seres humanos, de brasileiros, não se deixaram levar pela mídia e pelos ditos formadores de opinião da direita, do reacionarismo.

É importante ver que, além de rompermos com o preconceito sexista, nos defrontamos, e a nossa candidata enfrentou com altivez, a mais forte artilharia de preconceito, de mentiras, de reacionarismos, de fundamentalismo religioso, que penso que jamais outro candidato, e nem mesmo o Lula enfrentou.

Para Lula, por mais difícil que tenha sido sua trajetória, diante do que a Dilma passou, foi incomparável, até porque ele foi um homem que disputou inúmeras eleições e foi se forjando para e na disputa. Dilma não.

Penso que o ataque feito a esta mulher, a esta representante do projeto popular, equipara-se a tortura sofrida quando da ditadura. O que foi produzido, nos dias de hoje – face à democracia se equipara as perseguições e torturas sofridas por todos aqueles que desejavam um país livre, democrático e igualitário. Em certa medida, a relação entre a tortura e a ditadura se coaduna. Porém, a realizada pelo adversário é descabida diante da democracia que estamos consolidando dia após dia e, principalmente, à cidadania conquistada.

A Dilma sobreviveu e venceu a mais uma tortura.  Esta, em pleno século XXI, e que certamente a deixou mais firme e convicta de que nossa luta é justa , está correta e que estamos no caminho certo.

Muito embora a direita reacionária quisesse pautar o nosso programa com o intuito de rebaixá-lo, desconstituí-lo e derrotar-nos, provocou uma reação contrária que nos leva a afirmar que o governo da Dilma, para além do crescimento econômico com distribuição de renda deve se pautar e garantir:

a) radicalização da democracia – provamos que ela é ainda a melhor alternativa para todos e todas;

b) a transparência de nossa gestão e um comportamento indubitável, porque são estes que nos garantem a transposição ou superação das dificuldades e das acusações infundadas;

c) a necessidade de tratarmos com maior atenção os temas do desenvolvimento econômico, social e ambientalmente sustentável, cuja triangulação é indissociável;

d) a promoção de uma cultura de tolerância religiosa;

e) o respeito aos seres humanos, e a luta contra todo e qualquer preconceito ou discriminação, a fim de garantir de fato a dignidade humana;

Por isso que afirmo, que Lula cuidou das coisas urgentes – da Divida Externa, da economia, da política industrial, do Programa de Aceleração do Crescimento, da Educação, etc.etc.

A Dilma deverá cuidar, além destas, das coisas importantes – ou seja, daquela que garante a humanidade e uma nova humanidade, que cuida das crianças, dos jovens, dos idosos, das mulheres, dos homens, da natureza, da biodiversidade, e vai aprofundando as transformações no Brasil, interagindo com outros países e povos, com vistas a uma sociedade justa e igualitária.

* Dirigente Nacional do PT


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