Opinião
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24 de agosto de 2010
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09:00

Tendência ao masoquismo

Por
Sul 21
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Chionia Petry*

Você já tentou ficar 50 minutos sentado em frente à TV, assistindo o programa eleitoral gratuito? Nem uma vezinha só? Pois eu, não só tentei, como fiquei. E até mais de uma vez. Tenho tendências ao masoquismo. Fico ali, parada, olhando a perfomance de gente que deveria ter vergonha na cara e não gastar a nossa paciência. Ouço com atenção as mesmas promessas de sempre: saúde melhor, mais escolas técnicas, segurança para todos, investimentos em estradas e até em esgoto, que fica escondido embaixo da terra e que, segundo os políticos, nunca deu voto.

Sei que é preciso coragem para ir até o fim. Junto  as forças que me sobraram e sigo em frente. E, por incrível que pareça, ainda me surpreendo com a cara de pau de muitos candidatos, seja a que cargo for. Incrível! Lula virou arroz de festa. Está em todas. Aparece em fotos, em filmes, novos ou antigos. Mesmo que seja para o candidato dizer que um dia esteve no partido do presidente e o ajudou de alguma forma, mas agora está do outro lado, fazendo a tal oposição, que, logicamente, não resistirá a um aceno para entrar na base do governo e ganhar alguns carguinhos.

Juro que quero ter fé na humanidade e nos políticos. Acabo tendo, apenas, admiração pelos marqueteiros competentes que sabem mexer com os sentimentos do eleitor. É o que faz João Santana, nos 10 minutos em que exibe a sua candidata, a petista Dilma Rousseff. É o único momento em que dá gosto ver o horário político eleitoral. Não é preciso ser petista ou eleitor de Dilma para reconhecer um trabalho bem feito, com bom roteiro, bom texto, e se deliciar com ele. O que não entendo é como a equipe de José Serra faz tantas burradas. No sábado (21), o candidato aparecia enquadrado num efeito tipo janela, que o distanciava ainda mais do eleitor. Em lugar de aproximar o candidato do telespectador, o afastam. O que é isso? Inimigo na trincheira?

E o pessoal da Marina que não consegue alçar voo? Lá se vai uma semana de propaganda eleitoral gratuita; lá se vão três programas (seis, se contarmos os horários da tarde e da noite), e nada. O programa fala para os que já votam na candidata e não busca ampliar o leque de eleitores.  Pior que ela e os candidatos nanicos, só mesmo os recados dados pelos candidatos ao Legislativo. É um horror! Quem teve a ideia de usar aquela arvorezinha do DEM no cenário dos candidatos a deputado? Tem gente até se apoiando naquelas belas-árvores verdes, para tentar falar melhor. Sai um de um lado, entra outro, do lado oposto. Bota imaginação nisso!

Desse jeito, nem os marqueteiros se salvarão desta eleição 2010.

* Estudante


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