Opinião
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18 de agosto de 2010
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17:34

Marqueteiros apostam na emoção para obter votos

Por
Sul 21
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Marieta Pires *

Os marqueteiros de Dilma e Serra decidiram-se pelo mesmo caminho: apelar à emoção para conquistar votos. Luiz Gonzalez, jornalista, responsável pelo programa do candidato tucano José Serra à Presidência da República, perdeu alguns pontos para o publicitário João Santana, que trata não só do programa como de toda imagem da petista Dilma Rousseff.  Ao contar a história de “Zé” Serra, como o tucano passou a ser chamado, Gonzalez adotou um ritmo mais rápido, usou cores mais fortes e o jingle da campanha. Santana optou pelo ritmo lento, com imagens suaves, embaladas pela voz de Dilma e por uma música amena. Provocou mais emoção. O final foi hollywoodiano. Dilma aparece desfrutando da natureza à beira d’água, brincando com um cachorro (seu?).

Primeiros colocados na preferência do eleitor brasileiro, os candidatos do PT e do PSDB apostaram em suas biografias para inaugurar a temporada de propaganda eleitoral gratuita. Serra sempre jogou em sua história de administrador competente para manter o seu lado da gangorra no alto. Gonzalez exibiu-o como o menino pobre, aluno de escola pública, presidente da UNE, sem tocar no exílio que Serra viveu no Chile. Nos sete minutos e poucos a que tem direito, o tucano apareceu ao lado de pessoas do povo, sorrindo, mostrando o que fez como ministro, prefeito, governador. A finalidade, é claro, era tirar do candidato a imagem de elitista e mostrar que ele se relaciona com as pessoas de todas as camadas sociais. Algo que não ficou muito definido em sua conversa com o ex-aluno da APAE. A sensação era de que o candidato discursava.

Santana não temeu expor a prisão de Dilma, durante a ditadura militar. Lembrada como guerrilheira pela oposição – a revista Época, da Editora Globo, dedicou 13 páginas à sua vida na clandestinidade -, ela usou o passado para mostrar que é uma mulher que não se dobra frente aos problemas que surgem pela vida. Falou calmamente, não gaguejou como fez no debate, promovido pela Rede Bandeirantes e na entrevista ao Jornal Nacional. A produção merece nota mil. A candidata de Lula não se parece com a ministra Dilma, de Minas e Energia e da Casa Civil. Com roupas claras e bem-cortadas, cabelos curtos e mais claros, repete o Lulinha paz e amor.

No quesito emoção, Santana chegou em primeiro. Gonzalez tem três minutos a menos, é verdade, mas o tempo não é fator decisivo para o tratamento dado à mensagem. Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, com  muito menos tempo (um minuto, um segundo e 94 centésimos) também exibiu a sua biografia. Os nanicos apresentaram programas tecnicamente sem problemas, com exceção do programa do PCO, com péssimo áudio. Deram o seu recado.

Quem menos soube aproveitar o tempo de propaganda eleitoral gratuita foi a candidata do Partido Verde. Marina da Silva usou o seu um minuto, 23 segundos e 22 centésimos para falar ao seu segmento, mostrando os riscos que a Terra corre e que é possível aliar desenvolvimento com preservação do meio ambiente. Perdeu a oportunidade de chegar a mais eleitores.

* profissional liberal


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