Geral
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13 de abril de 2011
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13:40

A Campanha da Legalidade e os ideais democráticos

Por
Sul 21
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Comemorando os 50 anos da Campanha da Legalidade, o Sul21 inicia hoje (13) uma série de reportagens sobre este tema. Liderada por Leonel de Moura Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, a campanha assegurou a posse do vice-presidente da República João Belchior Marques Goulart. Brizola e Goulart eram gaúchos e pertenciam, ambos, ao antigo PTB, partido fundado por Getúlio Dorneles Vargas, também gaúcho e ex-presidente da República.

Vivia-se um dos momentos mais acirrados da Guerra Fria, um conflito não declarado entre os EUA e a URSS, as duas potencias antagônicas e vencedoras da 2ª Guerra Mundial, encerrada apenas 16 anos antes. Alarmados pela Revolução Cubana, de 1959, e pela possibilidade de seu alastramento por toda a América Latina, os EUA orientavam os militares e as forças de direita dos países latinoamericanos a resistirem aos avanços políticos dos movimentos sindicais, estudantis e populares, que depois de décadas de controle governamental começavam a se organizar autonomamente.

Investidos da condição de defensores da Pátria contra as ameaças das “ideologias exóticas”, os militares brasileiros, que vinham de uma tradição de tutela do Estado sobre a sociedade desde a Proclamação da República e que participaram ativamente da derrubada da ditadura do Estado Novo varguista (1937-1945), desencadearam uma série de tentativas de golpes, sempre apoiados pelos políticos da UDN, ao longo do período democrático de 1946 a 1964.

A primeira tentativa de golpe foi abortada em agosto de 1954 pelo próprio Vargas, então presidente da República eleito democraticamente, por meio de seu suicídio. A segunda, em novembro de 1955, contra a posse de Juscelino Kubtischek de Oliveira, eleito presidente da República pela aliança PSD-PTB. A terceira, em fevereiro de 1956, poucos meses após a posse de Juscelino, na chamada Revolta de Jacareacanga. A quarta, em agosto de 1961, visando impedir a posse de João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros, presidente da República eleito por uma frente de pequenos partidos encabeçada pela UDN. Todos estes movimentos golpistas foram ensaios para o golpe de abril de 1964 e a instalação de uma ditadura que se estendeu por longos 20 anos.

A resistência democrática ao golpe de 1961, comandada por Leonel Brizola, será o tema da série de reportagens que o Sul21 inicia hoje. Mais do que contar os fatos, serão descritas as circunstâncias, o clima, os costumes, as condições econômicas, sociais e políticas do período e serão analisadas as consequências da Campanha da Legalidade para a democracia que hoje se constrói e se consolida no Brasil.

Abrindo as homenagens que serão prestadas pelos poderes públicos e partidos políticos democráticos à luta de Leonel Brizola e de seus companheiros trabalhistas gaúchos, o Sul21 homenageia, com esta série de reportagens, que busca realizar uma análise crítica do período, os homens e mulheres que, com sua resistência, conseguiram adiar por algum tempo os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. O exemplo deixado por eles permanece ainda hoje, iluminando e alimentando os ideais democráticos brasileiros.


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