Geral
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29 de outubro de 2010
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08:00

Lula lá, na Unasul

Por
Sul 21
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A morte de Néstor Kirchner deixa vaga a secretaria geral da União das Nações Sul-Americanas – Unasul . A nova conjuntura política na América do Sul impõe a necessidade de que o próximo secretário geral seja um homem com trânsito fácil entre as diferentes posições e lideranças políticas.

As eleições na Colômbia e no Chile, colocando no primeiro país um presidente mais predisposto à integração regional do que seu antecessor e no segundo um presidente mais à direita, abre a possibilidade de revitalização da organização e, ao mesmo tempo, coloca a necessidade de que o novo secretário geral seja alguém com posicionamentos não exclusivamente alinhados aos governos de esquerda.

Alguém com perfil à esquerda como o de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, ou de Rafael Correa, presidente do Equador, por exemplo, ou, no outro lado do espectro político, como o de Sebastián Piñera, do Chile, seria pouco viável neste momento.

Como, além disto, a recomendação geral é a de que não se indique nunca um sucessor do mesmo país do anterior, cresce a possibilidade de que Luiz Inácio Lula da Silva venha a ser o novo secretário geral da organização.

Tal possibilidade será discutida na reunião dos presidentes da Unasul marcada anteriormente para o dia 26 de novembro, para se realizar em Georgeton, capital da Guiana.

Lula, não só reúne as características necessárias para promover a unificação das posições no interior da Unasul, como detém, ainda, a capacidade de projetar politicamente a entidade no restante do mundo. A inserção internacional de Lula e o respeito conquistado pela política externa brasileira durante seu governo o credenciam para tal.

Além de tudo, Lula se credenciaria, como secretário geral da Unasul, para realizar aquilo que ele próprio declarou ser sua intenção e prioridade depois de deixar o cargo de presidente da República do Brasil. Segundo sua fala no último Congresso Nacional do PT, realizado em Brasília no ano passado, Lula pretende dedicar-se à capacitação dos movimentos sociais e populares na América Latina e na África e a assessorar os governos destas regiões, ajudando a promover uma maior integração entre a sociedade civil organizada e as ações estatais.

Mais do que a propalada intenção de lançar-se candidato à secretaria geral da ONU, como insistem em afirmar parte da imprensa e de seus detratores, Lula tem afirmado reiteradamente sua intenção de dedicar-se à promoção dos interesses dos povos latino-americanos e africanos. Até porque Lula é um ser essencialmente político e o cargo de secretário geral da ONU é um cargo burocrático, historicamente reservado para profissionais da diplomacia, e não a políticos com iniciativa própria, como Lula.

Na Unasul, Lula teria a chance de continuar e ampliar a política externa que desenvolveu durante seu período na presidência da República brasileira. A política de fortalecimento das relações entre os países do Hemisfério Sul, principalmente os da América Latina e da África.


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