Geral
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17 de setembro de 2010
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09:00

Baixaria

Por
Sul 21
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A campanha eleitoral à Presidência da República, contrariando as previsões iniciais dos mais conceituados analistas políticos, descambou para a baixaria.

A excelência apregoada dos candidatos melhor posicionados, todos competentes e detentores de projetos políticos consistentes, dizia-se, seria garantia de uma campanha de alto nível, centrada na discussão de propostas de desenvolvimento para o país e para a melhoria das condições de vida da população.

A disparada de Dilma nas pesquisas eleitorais e a eminência de sua vitória no primeiro turno fizeram acender o sinal vermelho nas hostes adversárias, principalmente na candidatura Serra e nos partidos que lhe dão sustentação, ameaçados com a possibilidade de drástica redução de suas bancadas federais.

Premidos pelo sucesso das políticas de desenvolvimento econômico e social do Governo Lula e sua capacidade de transferência eleitoral, tucanos e demistas entornaram o caldo. Deixaram de lado o debate de propostas e partiram para recriar a atmosfera de terror que embalou o combate às candidaturas Lula e a boa parte de seu primeiro mandato.

Fernando Henrique Cardoso e outros próceres tucanos saíram a campo apregoando o “perigo” da “mexicanização” e da “venezuelização” da política brasileira, ao mesmo tempo em que Serra, valendo-se de denúncias veiculadas por parte da grande mídia sobre a quebra de sigilo fiscal de sua filha, passou a alardear a possibilidade de um ataque eminente à sua campanha.

A “bala de prata” não funcionou. Uma semana de repetição monocórdia desta canção não surtiu efeito identificável nas pesquisas, cujos gráficos mantiveram-se praticamente inalterados.

Novas denúncias, reveladas agora pela revista Veja e amplificadas pelos grandes veículos de comunicação do país, têm como alvo posições e personagens muito próximos da candidata Dilma.

Os fatos divulgados são graves e merecem investigação rigorosa e, em caso de sua comprovação, punição dos eventuais responsáveis.

Será mera coincidência, no entanto, que fatos como estes sejam descobertos, a cada eleição, exatamente no momento crucial das campanhas? Será obra do destino ou de conjunções astrais desfavoráveis que a principal personalidade denunciada seja exatamente a ministra substituta da candidata Dilma?

Mais uma vez, ao que parece, invés dos debates de propostas, também a atual campanha eleitoral brasileira será marcada pela baixaria.


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