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23 de outubro de 2012
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13:42

Obama domina ações em debate com poucas diferenças nos EUA

Por
Sul 21
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O debate desta terça-feira teve outra feição

Do Público

Faltando duas semanas para as eleições presidenciais americanas, Barack Obama e Mitt Romney encontraram-se na segunda-feira (22) à noite para o último debate televisivo dominado por questões sobre o Oriente Médio em que os dois rivais raramente discordaram. A diferença que os americanos viram foi na estratégia que os candidatos seguiram durante o debate de uma hora e meia: como James Carville, um famoso estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton, disse na CNN no final, “o presidente veio pronto para atacar, o governador Romney veio para concordar”.

O presidente parte, normalmente, em vantagem em um debate sobre política externa como o ontem em vantagem porque ao contrário do outro candidato, os americanos não precisam  imaginar como ele atuará enquanto comandante militar – Obama tem um histórico de quase quatro anos e esse histórico é uma das áreas mais fortes da sua presidência, graças à captura de Osama Bin Laden, o fim da guerra no Iraque e a retirada do Afeganistão.

Se alguém precisava ser testado era Romney, um ex-homem de negócios e governador do Massachusetts sem experiência em relações internacionais. O candidato republicano parece ter ido para o debate com a missão de transparecer sobriedade e moderação – dito de outro modo, com a missão de parecer presidenciável – e evitou confrontar Obama.

Obama combativo

O Presidente americano dominou o debate, revelando maior confiança e conhecimento dos assuntos perante um Romney frequentemente titubeante que defendeu as mesmas posições que Obama – em relação a Israel, à prevenção de um Irã com armamento nuclear, ao prazo de retirada do Afeganistão, à não intervenção americana na Síria ou o uso de drones (aviões de ataque não tripulados).

Quando o moderador perguntou a Romney se ele concordava com a saída das tropas americanas do Afeganistão em 2014, a mesma resposta podia ter sido dada por Obama: o incremento das tropas ordenado pelo presidente foi “um sucesso” e os Estados Unidos “vão ser capazes de fazer a transição” das forças de segurança afegãs em 2014.

Até há poucos meses, no entanto, o candidato republicano costumava criticar Obama por ter estabelecido um prazo fixo para retirada de militares do Afeganistão, dizendo que preferia tomar uma decisão baseada na opinião dos generais no terreno. Mas esse não foi o Romney que esteve no debate desta vez.

Os anos 80 ao telefone

Barack Obama esteve particularmente combativo no debate, passando mais tempo a criticar o seu rival e notando em várias ocasiões a falta de experiência do homem que pretende substituí-lo. Quando Romney criticou o presidente por querer fazer cortes no orçamento da defesa, sugerindo que a marinha americana foi diminuída durante a sua administração, Obama respondeu: “Julgo que o governador Romney talvez não tenha se preocupado em saber como é que as nossas forças militares funcionam.”

Referiu-se à marinha, e ao facto de os EUA terem “menos navios do que em 1916”. “Também temos menos cavalos e baionetas.” Obama satirizou dizendo que não trata-se de um jogo de Batalha Naval (um jogo de tabuleiro em que os jogadores afundam os navios de guerra um do outro tentando adivinhar onde é que eles estão situados).

Obama também notou que o candidato mudou de posição sobre vários assuntos, lembrando que há uns meses Romney afirmara que a Rússia era a principal ameaça geoestratégica para os Estados Unidos. “Os anos 80 estão ao telefone e querem a sua política externa de volta”, ironizou o Presidente.

Romney também criticou Obama, acusando-o de diminuir a influência da América no mundo e de não ser suficientemente assertivo em relação ao regime de Bashar Assad na Síria e ao Irã o, mas não foi claro em delinear o que faria de diferente no seu lugar.

Europa ausente

Mas Romney evitou atacar o presidente como fizera no debate da semana passada, porque os eleitores reagem negativamente ou de forma ambivalente quando um candidato é muito agressivo e o republicano deixou esse papel para Obama. “Atacar-me não vai ajudar o Oriente Médio”, disse, em determinado momento.

Por isso, apesar de Obama evidenciar um domínio dos temas que Romney claramente não demonstrou, ter ganho o debate talvez não venha a ajudá-lo muito junto dos eleitores indecisos, sobretudo se eles chegaram ao fim pensando que o presidente foi  agressivo demais. Houve momentos em que os dois candidatos desviaram a discussão para a política interna e falaram da economia americana, de reforma da educação e da indústria automóvel – ou porque a política externa não é um fator decisivo neste ciclo eleitoral, ou porque não existem assim tantas diferenças entre os dois nessa área.

Apesar de ser o único debate sobre política externa, a Europa e a crise na zona euro estiveram ausentes, bem como Guantánamo (cujo encerramento foi uma promessa de campanha de Obama há quatro anos), a América Latina e África.


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