Da redação
Após as fervorosas reações no mundo islâmico contra o filme “A inocência dos muçulmanos”, que incluíram ataques a embaixadas estadunidenses e queimas de bonecos do presidente Barack Obama, desenhos de Maomé em uma revista francesa voltam a provocar os seguidores de Alá.
A revista Charlie Hebdo, famosa no país por sátiras a religiosos, políticos, famosos e outros, publicou na capa de sua edição desta quinta-feira (19) uma charge na qual uma figura islâmica, que representaría Maomé, está sentada em uma cadeira de rodas e é empurrada por uma outra figura masculina representando um judeu. No balão de fala relacionado a ambos os personagens, a frase “Ne faut pas se moquer” (é proibído zombar). No topo da imagem, seu título “Intouchables 2” (Intocáveis 2).
Não bastasse a provocação da capa, em uma de suas páginas internas a revista apresenta desenhos ainda mais explícitos, lembrando o tom de zombaria adotado pelo filme divulgado na semana passada. Uma das ilustrações mostra Maomé nu e de cócoras, perguntando a um cineasta “Et me fesses, tu les aimes mes fesses?” (E minhas nádegas, tu amas minhas nádegas?). Em outro desenho, cuja legenda diz “Mohamet, une etoile est née” (Maomé, nasce uma estrela) o profeta do Islã é representado de quatro, com um close de suas nádegas em primeiro plano e uma estrela tapando seu ânus.
O editor da Charlie Hebdo, Stephane Charbonnier, defende a publicação. “Não há mais provocações do que em qualquer outra semana, não há mais com o Islã do que com outros temas”.
Em comunicado oficial, o primeiro ministro do país, Jean-Marc Ayrault, disse que a liberdade de expressão é “um dos maiores princípios do Estado francês”, assim como o secularismo e o respeito às diferentes religiões. “No entanto, qualquer excesso será desaprovado”, conclui a nota.
O ministro de Relações Internacionais da França, Laurent Fabius, se diz preocupado com as reações e afirma que consulados, escolas e centros culturais franceses ficarão fechados pelos próximos dias em cerca de 20 países.
“Esta provocação é vergonhosa, odiosa e estúpida”, sentenciou Dalil Boubakeur, imã da Grande Mesquita de Paris. “Não somos como animais de Pavlov para reagir a cada insulto”, acrescentou em referência ao fisiologista russo.
Com informações da RTVE, da BBC e do Le Monde
