Notícias
|
21 de agosto de 2012
|
17:30

PT e PMDB são partidos que mais lançaram candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Por
Sul 21
[email protected]
Paço Municipal de Porto Alegre | Ivo Gonçalves/PMPA" title=
De 1985 a 2008, PT e PMDB foram os únicos que sempre lançaram candidatos na Capital | Foto: Ivo Gonçalves/PMPA

Samir Oliveira

Desde a redemocratização do país com o fim da ditadura militar, em 1985, PT e PMDB foram os únicos partidos que sempre lançaram candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Apesar da presença constante nas sete eleições para o comando da Capital, as duas siglas só polarizaram as disputas de 1992 e de 2008. Este é o primeiro ano em que os peemedebistas não estão na cabeça de chapa de uma coligação.

Em 1992, o PMDB concorreu sozinho com Cezar Schirmer na cabeça de chapa e Mendes Ribeiro Filho como vice. A dupla fez 120,1 mil votos e perdeu para os petistas Tarso Genro e Raul Pont, que conseguiram 307,1 mil votos.

Na outra eleição polarizada pelos dois partidos, 16 anos depois, os peemedebistas foram vitoriosos com José Fogaça e José Fortunati (PDT). No primeiro turno, eles receberam 346,4 mil votos, contra 179,5 mil dos petistas Maria do Rosário e Marcelo Danéris. No segundo turno, a vitória foi por 470,6 mil para o PMDB contra 327,7 mil para o PT.

Tarso Genro e Olívio Dutra foram vitorioso em 1988 | Foto: Arquivo Pessoal

Nas outras eleições, a disputa gravitou sempre em torno de um candidato petista e de adversários que mudavam conforme o contexto político de Porto Alege, do Rio Grande do Sul e do país. E até o final dos anos 1980, o PDT ainda hegemonizava a eleição da Capital.

O partido foi vitorioso na única eleição que o PT não ficou na liderança, em 1985, elegendo Alceu Collares e Glênio Peres à prefeitura. No pleito seguinte, em 1988, os pedetistas Carlos Araújo e Francisco Carrion Júnior ficaram em segundo lugar, com 158,2 mil votos, atrás dos petistas Olívio Dutra e Tarso Genro, que conseguiram 247,5 mil votos.

José Fogaça venceu as eleições de 2004 pelo PPS | Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Em 1996, ancorado na eleição do tucano Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República no ano anterior, o PSDB resolveu lançar pela segunda vez uma candidatura em Porto Alegre. E o apoio nacional se fez sentir na Capital, pois Yeda Crusius e Onyx Lorenzoni conseguiram polarizar a disputa com o PT e fizeram 167,3 mil votos, contra os 408,9 mil de Raul Pont e José Fortunati (que, na época, era petista).

A eleição de 1996 foi contraditória para os tucanos. Ao mesmo tempo em que perderam já no primeiro turno para o PT – a diferença de 241,6 mil votos é a maior entre todas as disputas pela prefeitura desde 1985 –, aumentaram expressivamente a votação em relação à disputa anterior, em 1992, quando Mercedes Maria de Moraes e Pedro Dutra Fonseca fizeram apenas 18 mil votos.

Alianças sofreram diversas modificações ao longo dos anos

Ao verificar o histórico das eleições para a prefeitura de Porto Alegre entre 1985 e 2012, é possível perceber que a política da imensa maioria dos partidos que já lançaram candidaturas não seguiu um fluxo linear e ideológico. Até mesmo a chamada Frente Popular, sempre liderada pelo PT, sofreu variações significativas ao longo dos pleitos.

Vistas atualmente, as parcerias firmadas no passado podem surpreender os eleitores. Em 1996, Yeda Crusius e Onyx Lorenzoni estavam de braços dados, concorrendo pelo PSDB. Hoje em dia, os dois são inimigos políticos, desde que a tucana rompeu com o DEM quando governou o Estado ao lado do democrata Paulo Feijó.

Em 2008, Manuela concorreu pela primeira vez à prefeitura da Capital | Foto: Arquivo Pessoal

Outra aliança que pode surpreender nos dias de hoje também ocorreu em 1996, quando o pedetista Vieira da Cunha teve a comunista Jussara Cony como vice em sua chapa. Os dois partidos hoje são os principais oponentes que disputam a prefeitura com José Fortunati (PDT) e Manuela D’Ávila (PCdoB).

Nem a esquerda mais radical escapa das incoerências. Em 2008, Luciana Genro (PSOL) concorreu à prefeitura com Edison Pereira (PV) como vice, sendo que em 2004 ele esteve ao lado do candidato de direita Jair Soares (PP).

No âmbito da Frente Popular, as mudanças foram ocorrendo ao longo dos anos. Em 1985, o PT concorreu sozinho à prefeitura, com Raul Pont e Clóvis Ilgenfritz. Em 1988, a chapa foi apenas com o PCB.

Em 1992, o espectro político-partidário se expande e engloba também PPS, PSB e PV. E em 1996, com o PSB lançando candidatura própria e o PCdoB coligado com o PDT, os aliados da Frente Popular se reduzem ao PCB e ao PPS. Em 2000, o PPS lança a candidatura de Valter Nagelstein – que, hoje, é vereador pelo PMDB – e o bloco retoma os antigos aliados PSB e PCdoB.

Yeda Crusius tentou ser prefeita em 1996 e em 2000 | Foto: Divulgação:/Câmara dos Deputados

Em 2004, com a candidatura de Raul Pont, o PT reúne o maior número de aliados em sua história. A data marca também o ingresso dos chamados “nanicos” na Frente Popular – partidos que possuem pouca militância e líderes expressivos, mas que são importantes para a ampliação do tempo de televisão de um candidato. Naquelas eleições, o PT esteve com PCB, PCdoB, PL, PMN, PSL e PTN.

Em 2008, ocorreu um fenômeno semelhante ao que ocorre nas eleições deste ano: a candidatura de Manuela D’Ávila tirou PCdoB e PSB do palanque petista e fez com que o partido tivesse que se aliar com partidos menores. Há quatro anos, a aliança foi apenas com PRB, PSL e PTC.

Cezar Schirmer (direita), atual prefeito de Santa Maria, disputou Porto Alegre em 1992 | Foto: Arquivo Pessoal

Neste ano, o candidato petista Adão Villaverde reeditou uma aliança com sete partidos – mesmo tamanho da coligação de Raul Pont em 2004 – e também a batizou de Frente Popular. Esta eleição marca uma mudança histórica na política eleitoral do PT em Porto Alegre: é a primeira vez que o partido não concorre com chapa pura e cede a vaga de vice ao PR.

O partido que hoje possui o vice na chapa petista estava, em 2004, ao lado de Manuela D’Ávila, que costurou uma aliança com PPS, PSB, PR, PTdoB, PMN e PTN. Hoje, a comunista conta com o apoio de PSD, PSB, PSC e PHS.

Eleições em Porto Alegre após a redemocratização*

1985

Alceu Collares (PDT)
Glênio Peres (PDT)
Votos: 257.549

PMDB/PFL/PCB/PCdoB
Francisco Carrion Júnior (PMDB)
José Alberto Fogaça de Medeiros (PMDB)
Votos: 173.198

Raul Pont (PT)
Clóvis Ilgenfritz (PT)
Votos 68.429

Victor Faccioni (PDS)
Reginaldo Pujol (PDS)
Votos: 57.751

Krieger de Mello (PTB)
Antonio Carlos da Rosa (PTB)
Votos: 7.534

1988

PT/PCB
Olívio Dutra (PT)
Tarso Genro (PT)
Votos: 247.517

Carlos Araújo (PDT)
Franciso Carrion Júnior (PDT)
Votos: 158.256

PDS/PFL/PTB
Guilherme Socias Villela (PDS)
Germano Bonow (PFL)
Votos: 99.882

Antonio Britto (PMDB)
Mercedes Rodrigues (PMDB)
Votos: 72.097

Sérgio Jockymann (PL)
Onyx Lorenzoni (PL)
Votos: 48.627

Fulvio Petracco (PSB)
Humberto Carvalho (PSB)
Votos: 13.185

Raul Carrion (PCdoB)
José Loguércio (PCdoB)
Votos: 2.671

1992

Primeiro Turno

PT/PPS/PSB/PV/PC
Tarso Genro (PT)
Raul Pont (PT)
Votos: 307.145

PMDB/PCdoB
Cezar Schirmer (PMDB)
Mendes Ribeiro Filho (PMDB)
Votos: 120.114

Carlos Araújo (PDT)
Sereno Chaise (PDT)
Votos: 85.796

Valdir Fraga da Silva (PTB)
Jairo Cruz (PTB)
Votos: 53.761

Jarbas de Melo e Lima (PDS)
João José Júnior (PDS)
Votos: 32.556

Mercedes Maria de Moraes Rodrigues (PSDB)
Pedro Dutra Fonseca (PSDB)
Votos: 18.050

PL/PDC
Onyx Lorenzoni (PL)
Adão da Silva (PL)
Votos: 13.943

Carlos Gomes (PRN)
Vice: Não consta nos registros do TRE-RS
Votos: 3.197

João Carlos Signorini (PSC)
Jaires da Silva Maciel (PSC)
Votos: 1.566

João Antonio Aires da Rocha (PST)
João Rodrigues (PST)
Votos: 1.467

Segundo turno

PT/PPS/PSB/PV/PC
Tarso Genro (PT)
Raul Pont (PT)
Votos: 400.770

PMDB/PCdoB
Cezar Schirmer (PMDB)
Mendes Ribeiro Filho (PMDB)
Votos: 259.504

1996

PT/PCB/PPS
Raul Pont (PT)
José Fortunati (PT)
Votos: 408.998

PSDB/PL/PSC/PSL/PFL
Yeda Crusius (PSDB)
Onyx Lorenzoni (PSDB)
Votos: 167.397

Maria do Carmo (PPB)
Percival Puggina (PPB)
Votos: 48.224

PDT/PCdoB
Vieira da Cunha (PDT)
Jussara Cony (PCdoB)
Votos: 41.744

Paulo Odone (PMDB)
Luiz Roberto Andrade Ponte (PMDB)
Votos: 40.297

Valdir Fraga da Silva (PTB)
Terezinha Irigaray (PTB)
Votos: 24.524

PST/PMN/PSD/PRN
Luiz Alberto Negrinho de Oliveira (PST)
Elisabete Reis (PST)
Votos: 4.900

Antonio Furtado Maciel (PRONA)
Maria Rejane de Oliveira (PRONA)
Votos: 4.031

Maria Augusta de ALmeida Feldman (PSB)
Elias Lemes (PSB)
Votos: 3.882

Leo Marco Nunes Meira (PRP)
Silvio Teitelbaum (PRP)
Votos: 2.931

Julio Flores (PSTU)
Paulo Barela (PSTU)
Votos: 1.297

Armando Pereira Junior (PAN)
Laura Mendonsa (PAN)
Votos: 1.012

2000

Primeiro turno

PT/PCB/PSB/PCdoB
Tarso Genro (PT)
João Verle (PT)
Votos: 381.117

PDT/PTB/PTN/PMN
Alceu Collares (PDT)
Sonia dos Santos (PTB)
Votos: 157.015

121.598 mil
PSDB/PPB/PSDC
Yeda Crusius (PSDB)
Guilherme Socias Villela (PPB)

PSC/PFL/PSL
Germano Bonow (PFL)
Frederico Barbosa (PFL)
Votos: 53.769

PMDB/PL
Cezar Busatto (PMDB)
Iara Wortmann (PMDB)
Votos: 50.416

Nelson Vasconcelos (PV)
Walter de Oliveira (PV)
Votos: 8.380

PPS/PHS/PAN
Valter Nagelstein (PPS)
Helena Biasotto (PHS)
Votos: 6.105

Julio Flores (PSTU)
Joel Soares (PSTU)
Votos: 1.890

Luiz Carlos Olinto Martins (PRONA)
Antônio Maciel (PRONA)
Votos: 1.463

PRTB/PRN
Carlos Lacerda (PRTB)
Adail Ribeiro (PRTB)
Votos: 300

Guilherme Giordano (PCO)
Jeferson Mendes (PCO)
Votos: 224

Segundo turno

PT/PCB/PSB/PCdoB
Tarso Genro (PT)
João Verle (PT)
Votos: 491.775

PDT/PTB/PTN/PMN
Alceu Collares (PDT)
Sonia dos Santos (PTB)
Votos: 282.575

2004

Primeiro turno

PT/PSL/PTN/PCB/PL/PMN/PCdoB
Raul Pont (PT)
Maria do Rosário (PT)
Votos: 304.135

PPS/PTB
José Fogaça (PPS)
Eliseu Santos (PTB)
Votos: 229.113

PFL/PSDB
Onyx Lorenzoni (PFL)
Paulo Brum (PSDB)
Votos: 80.633

PDT/PAN
Vieira da Cunha (PDT)
Lícia Peres (PDT)
Votos: 78.919

PMDB/PSDC/PHS/PRONA
Mendes Ribeiro Filho (PMDB)
Valter Nagelstein (PMDB)
Votos: 47.621

PP/PV
Jair Soares (PP)
Edison Pereira (PV)
Votos: 35.501

PSC/PSB
Beto Albuquerque (PSB)
Ciro Machado (PSC)
Votos: 24.588 mil

Vera Guasso (PSTU)
Carlos Almeida (PSTU)
Votos: 6.603 mil

Guilherme Giordano (PCO)
Walter Franco (PCO)
Votos: 1.309

Segundo turno

PPS/PTB
José Fogaça (PPS)
Eliseu Santos (PTB)
Votos: 431.820

PT/PSL/PTN/PCB/PL/PMN/PCdoB
Raul Pont (PT)
Maria do Rosário (PT)
Votos: 378.099

2008

Primeiro turno

PMDB/PDT/PTB/PSDC
José Fogaça (PMDB)
José Fortunati (PDT)
Votos: 346.427

PT/PRB/PSL/PTC
Maria do Rosário (PT)
Marcelo Danéris (PT)
Votos: 179.587

PCdoB/PPS/PSB/PR/PTdoB/PMN/PTN
Manuela D’Ávila (PCdoB)
Berfran Rosado (PPS)
Votos: 121.232

PSOL/PV
Luciana Genro (PSOL)
Edison Pereira (PV)
Votos: 72.863

DEM/PP/PSC
Onyx Lorenzoni (DEM)
Mano Changes (PP)
Votos: 38.803

Nelson Marchezan Júnior (PSDB)
Tadeu Martins (PSDB)
Votos: 22.365

PSTU/PCB
Vera Guasso (PSTU)
Humberto Carvalho (PCB)
Votos: 6.174

Carlos Gomes (PHS)
Paulo Stölben (PHS)
Votos: 2.548

Segundo turno

PMDB/PDT/PTB/PSDC
José Fogaça (PMDB)
José Fortunati (PDT)
Votos: 470.696

PT/PRB/PSL/PTC
Maria do Rosário (PT)
Marcelo Danéris (PT)
Votos: 327.799

2012

PT/PR/PV/PPL/PTC/PRTB/PTdoB
Adão Villaverde (PT)
Arlindo Bonete (PR)

Érico Corrêa (PSTU)
Resplande de Sá (PSTU)

Jocelin azambuja (PSL)
Luiz Carlos Machado (PSL)

PDT/PMDB/PP/PTB/DEM/PPs/PTN/PMN
José Fortunati (PDT)
Sebastião Melo (PMDB)

PCdoB/PSD/PSB/PSC/PHS
Manuela D’Ávila (PCdoB)
Nelcir Tessaro (PSD)

PSOL/PCB
Roberto Robaina (PSOL)
Goretti Grossi (PCB)

PSDB/PRP
Wambert Di Lorenzo (PSDB)
Marco Dangui (PRP)

* Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul 


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora