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7 de agosto de 2012
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Greve de docentes na UFRGS está perto de chegar ao fim

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Sul 21
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Greve de docentes na UFRGS está perto de chegar ao fim
Greve de docentes na UFRGS está perto de chegar ao fim
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Em assembleia nesta segunda Adufrgs definiu fim da greve | Foto: Maricélia Pinheiro/Adufrgs

Felipe Prestes

A greve dos docentes na UFRGS pode chegar ao fim ainda nesta semana. Nesta segunda-feira (6), uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Professores de Instituições Federais do Ensino Superior de Porto Alegre (Adufrgs) aprovou o final da greve por 266 votos a 221. Este sindicato é o de maior representação na UFRGS e, além disto, o outro sindicato com representação na Universidade, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) também compareceu à assembleia, o que pode fazer com que também declare o fim da greve.

“Nós fomos chamados por companheiros a participar da assembleia e, como foi bastante numerosa, consideramos que ela teve o valor de uma assembleia geral. Vamos realizar a nossa assembleia e este resultado, ainda que tenha sido por apenas 40 votos, pode ser levado em conta”, afirma Carlos Alberto Gonçalves, do comando de greve do Andes-SN na UFRGS. O professor diz que a assembleia do Andes deve ocorrer ainda nesta semana, na quinta ou na sexta. Ainda assim, Carlos Alberto explica que o Andes-SN da UFRGS deve continuar apoiando a greve nacional. “Não significa que aceitamos a proposta do Governo”.

Em nível nacional, apenas uma federação aceitou proposta do Governo

Na quarta-feira passada (1º) o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento anunciou que a segunda proposta apresentada pelo Governo seria a última, que estavam encerradas as negociações. Das quatro federações presentes à reunião, apenas o Sindicato de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), ao qual é ligada a Adufrgs, aceitaram a proposta. Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e sindicalizados da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) rejeitaram a proposta e prometem manter a greve.

“Isto não é nenhuma novidade. Em 2007, assinamos sozinho o melhor acordo que já foi feito até hoje”, afirma o presidente do Proifes, Eduardo Rolim, que é professor da Ufrgs. Ele acredita que a decisão da universidade da capital gaúcha representa uma tendência de que a maioria dos docentes pelo país deve aceitar a proposta do governo, que prevê reajustes entre 25 e 44% até março de 2015. “Não tenho a menor dúvida. Vai ser uma tendência natural. Mesmo que os sindicatos mantenham estado de greve, uma greve é decisão dos professores. Tenho certeza que a maioria dos professores irá se sentir contemplada pelo acordo”, disse.

Eduardo Rolim afirma que a proposta é boa em termos salariais e há conquistas para a carreira. “Conseguimos recomposição salarial importante que chegará a no mínimo 25% em 2015. Garantimos reposição da inflação para todos. Na carreira, todos os doutores poderão chegar a professor titular e há uma série de avanços para professores de ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT)”. Rolim acredita que o Governo, de fato, deve enviar a atual proposta para o Congresso, encerrando a negociação mesmo que a greve continue para outras federações.

“Acreditamos que ainda há espaço para negociação”, diz Andes-SN

Para Carlos Alberto Gonçalves, a aceitação da proposta pelo Proifes (que está presente em apenas sete universidades) e o possível fim da greve na Ufrgs (terceira maior federal do país) não vão arrefecer a paralisação. “Claro que o Governo vai usar isto, mas achamos que não vai afetar a greve nacional. A Ufrgs havia sido a última universidade a entrar em greve”, diz.

O dirigente afirma que ainda há espaço para negociar, mesmo com manifestação contrária do Governo. “Quando entramos em greve, em maio, o Governo disse que era cedo para greve, porque podia conversar até agosto, quando vai ser votada a LDO no Congresso. Só apresentou a primeira proposta no dia 13 de julho, a segunda no dia 24 de julho e depois encerrou a negociação antes do próprio prazo que colocava”, afirma. Para manter a negociação, Carlos Alberto acredita que os grevistas devem procurar um novo interlocutor no Governo. “Se o Mendonça considera que não tem mais como fazer nova proposta, então vamos buscar outras pessoas”.

O professor considera que a atual proposta é boa para professores com mestrado e professores EBTT, mas não contempla aposentados e não é atrativa para professores jovens. Além disto, ele afirma que estão se desmantelando as vantagens do regime de dedicação exclusiva (DE). “Hoje, o DE das universidades públicas é equivalente a 40 horas em universidades privadas. O DE foi criado para tornar as universidades públicas competitivas, para incentivar a pesquisa. O salário de DE em 2015 é igual ao atual salário na USP. A universidade federal não é mais competitiva é apenas paliativa”.

Governo começa a negociar com técnico-administrativos

Depois que os servidores técnico-administrativos anunciaram, na semana passada, que iriam impedir as matrículas para o segundo semestre e as inscrições para o vestibular se não houvesse negociação, o Governo Federal finalmente chamou os grevistas para uma primeira reunião, após alguns meses de greve. O Sul21 conversou com o coordenador de políticas sociais da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra), Diego Gonçalves, no início da noite desta segunda-feira (6), quando ele estava chegando ao prédio do Ministério do Planejamento para a reunião.

Gonçalves afirma que só o fato de haver a conversa foi um avanço, na medida em que isto sequer acontecera anteriormente. “Apresentamos nossa pauta em 2007. Estamos na expectativa do que eles vão dizer. Gostaríamos que eles apresentassem contraproposta”, disse.

O dirigente sindical afirmou que entre as principais reivindicações estão uma reposição salarial, porque não há aumento desde 2010. “É fundamental a reposição da perda inflacionária e um ganho real”. Além disto, os servidores esperam a “racionalização da carreira”. “A descrição dos nossos cargos é de 1989. Existe até cargo de datilógrafo ainda”, exemplificou Gonçalves.


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