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31 de agosto de 2012
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21:13

Final de semana de protestos contra machismo e femicídio no Rio Grande do Sul

Por
Sul 21
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Marcha contra a Mídia Machista ocorre neste sábado (01/09) em Porto Alegre | Foto: ADphotos

Rachel Duarte

O final de semana será de visibilidade para as lutas contra o machismo no Rio Grande do Sul. No sábado (1º), os movimentos sociais promovem a Marcha Contra a Mídia Machista, protesto realizado no último final de semana em várias capitais brasileiras. Em Porto Alegre a marcha foi transferida para este final de semana em razão do mau tempo. A concentração será às 14 horas, em frente ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção. No mesmo local, no domingo (2), ativistas se unem ao governo e poder judiciário gaúcho para a caminhada “Basta de Violência contra a Mulher”, a partir das 10h30min.

A batucada das mulheres será aos moldes da Marcha das Vadias, ocorrida em maio. “Só que sem a nudez. Organizamos a militância com foco na crítica à mercantilização do corpo feminino nas peças publicitárias e outros conteúdos exibidos pela grande mídia. Inclusive imaginamos que não será um ato com muita cobertura dos veículos de comunicação, diferente da Marcha das Vadias, que interessava por mostrar os corpos nus”, fala uma das organizadoras da marcha, Cíntia Barenho.

Protesto crítica mercantilização da mulher na mídia./Foto: Carlos/bolaearte.wordpress.com

O movimento contra a exploração dos corpos e da imagem da mulher na mídia surgiu na internet com a indignação diante de algumas propagandas de cerveja e preservativo masculino. As peças foram qualificadas como estimulantes à violência contra mulher e um reforço a ideia da mulher como mercadoria. Alguns chegam a fazer apologia ao estupro, consideram as organizadoras da marcha. “Vimos que aqui em Porto Alegre também haviam muitas críticas e pessoas interessadas em fazer a manifestação. Então passamos a organizar o protesto”, diz Cíntia, que integra a Marcha Mundial de Mulheres.

Com cartazes com inscrições como “Eu luto por respeito”, “menos sexo, mais orgasmo”, “lugar de mulher é onde ela quiser”, entre outros, diversas pessoas percorrem as ruas do Rio de Janeiro, Campinas, Recife, Brasília e Florianópolis no último final de semana.

Poderes em alerta com crescimento de femicídios no RS

No domingo (2), os movimentos sociais foram convidados a se unir ao governo gaúcho na caminhada “Basta de Violência contra a Mulher”, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. A concentração será realizada em frente ao Monumento do Expedicionário, às 10h30.

A atividade foi inicialmente proposta pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e pela Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres durante reunião no começo da semana. Os dados oficiais são alarmantes. De janeiro a agosto deste ano foram assassinadas 50 mulheres, número maior do que o registrado ao longo do ano de 2011 (46 mortes). Um diagnóstico realizado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública com base nos primeiros cinco anos da Lei Maria da Penha (agosto de 2006 a agosto de 2011) apontou o assassinato de 327 mulheres, o que é enquadrado como femicídio pela terminologia da nova lei.

Secretária Márcia Santana diz que editais para projetos em favor das mulheres serão lançados após as eleições./Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“É necessário chamar a atenção da sociedade para mudança cultural do machismo herdado na sociedade patriarcal brasileira. E é preciso integrar todos os poderes para isso e todos os setores do governo. A ação deve ser articulada”, cobra a secretária de Política para Mulheres, Márcia Santana. Segundo ela, o CDES irá propor uma carta de recomendação ao governador Tarso Genro para reforçar o compromisso das pastas estaduais com as ações de enfrentamento à violência contra mulheres.

Além dos gestores do executivo estadual, são esperados na caminhada representantes da Defensoria Pública e Ministério Público do RS. “O final de semana será de alerta total sobre os desafios das lutas de gênero. O movimento social também está de parabéns em realizar a marcha contra a mídia machista. Lutamos para combater uma imagem que, muitas vezes, é reforçada pela imprensa”, critica.

Caminhada no domingo pede basta contra violência contra mulheres./Foto: AgregaDF

No documento a ser entregue ao governador também estará sugerida a atenção com investimentos em publicidade para campanhas positivas envolvendo as políticas públicas para mulheres. “Precisamos mostrar que as lutas não são feitas em vão. Mostrar que os seis anos da Lei Maria da Penha encorajaram as mulheres e há projetos bons em execução”, disse Márcia.

A secretária aguarda o término do período eleitoral para lançar editais de projetos para o acesso das prefeituras municipais. “São projetos de fortalecimento e expansão da rede de proteção para as mulheres vítimas de violência em Torres. Para cursos de capacitação para as mulheres em Balneário Pinhal e capacitações para as mulheres rurais, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O emprego é uma forma de empoderamento das mulheres para que elas consigam romper ciclos de violência”, explica.


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