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21 de agosto de 2012
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18:40

CPI do Cachoeira: procuradores dizem que esquema é máfia infiltrada no Estado

Por
Sul 21
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Antônio Cruz / ABr
Organização criminosa que seria chefiada por Carlinhos Cachoeira (foto) teria caráter mafioso e cooptou agentes do Estado para manter suas atividades | Foto: Antônio Cruz / ABr

Da Redação 

Os procuradores da República em Goiás Léa Batista de Oliveira e Daniel Rezende, responsáveis pelos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, reafirmaram nesta terça-feira (21) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que a organização criminosa que seria chefiada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tem caráter mafioso e cooptou agentes do Estado para manter suas atividades.

“O certo é que a operação desvelou uma máfia, uma sociedade bem estruturada, mais lucrativa que uma grande empresa. Um grupo profissionalizado, estável, permanente e habitual, montado para o cometimento de crimes de natureza grave. A sua existência por mais de uma década foi suficiente para montar uma estrutura estável e entranhada no seio do Estado”, disse Léa Batista.

A procuradora  afirmou ainda que a organização criminosa ainda não foi desarticulada. “Enquanto não conseguirmos sufocar a parte financeira da organização criminosa, ela continua viva e operando, independentemente de o chefe estar preso ou não”, disse.

Segundo Daniel Rezende, existiram dificuldades nas investigações, porque a própria legislação brasileira é deficitária no que diz respeito ao enquadramento de organizações criminosas complexas.

“Não é uma investigação voltada para o solitário social e o criminoso individual. Estamos tentando construir determinadas teses para que possamos desenvolver o trabalho de enfrentamento de organizações criminosas infiltradas no seio do Estado. O Estado se torna muito mais vulnerável quando essas organizações se infiltram, principalmente quando é na área da segurança”, frisou o procurador.

Rezende ponderou que o uso de escutas telefônicas nas operações ocorreu devido ao fato da organização criminosa ter cooptado policiais e outros agentes do Estado. “Com essa cooptação dos agentes do Estado, ficou mais difícil o trabalho de campo, por isso o uso das interceptações telefônicas”, disse.

Os procuradores também relataram aos integrantes da CPMI que sofreram ameaças em decorrência ao trabalho que desempenham no caso. Léa Batista relatou a tentativa de uma mulher entrar em seu apartamento às 5h45 e um episódio em que um dos seguranças identificou uma marcação no veículo usado por ela.

“Tivemos que alterar totalmente a nossa rotina e isso faz com que nossas famílias passem a absorver. Não é segurança para nós, membros do Ministério Público, mas também para nossas famílias”, disse Rezende. O procurador ressaltou que todo o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público Federal (MPF) ocorre de forma técnica e “sem paixões”.

Com informações da Agência Brasil e da Agência da Câmara dos Deputados


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