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9 de julho de 2012
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23:32

Professores filiados à ADUFRGS devem entrar em greve a partir desta terça-feira

Por
Sul 21
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Professores filiados à ADUFRGS devem entrar em greve a partir desta terça-feira
Professores filiados à ADUFRGS devem entrar em greve a partir desta terça-feira
ADUFRGS pode entrar em greve e aderir ou não ao movimento liderado pelo Andes | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Samir Oliveira

Os docentes da UFRGS filiados ao Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS) decidem nesta terça-feira se entram ou não em greve. A tendência é que a categoria opte pela paralisação das atividades, já que esse foi o resultado de um plebiscito virtual realizado pelo sindicato.

A votação contou com a participação de 1.003 professores, sendo que 509 (50,75%) disseram “sim” à greve e 494 (49,25%) rejeitaram a ideia. A ADUFRGS representa docentes da UFRGS, da UFCSPA e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – nas sedes Porto Alegre e Restinga. No plebiscito, votaram 912 professores da UFRGS e a maioria (460) foram favoráveis à greve.

Além da ADUFRGS, outro sindicato representa os docentes da UFRGS: o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que lidera uma greve nacional da categoria desde o dia 17 de maio. No dia 25 de junho, o núcleo gaúcho do Andes decidiu, em assembleia, aderir ao movimento nacional, que já atinge 50 universidades federais no país.

Na Ufrgs, o Andes representa cerca de 200 filiados. Politicamente, os dois sindicatos de docentes da universidade não dialogam. Os dirigentes do Andes acusam a Adufrgs de ser uma “entidade de gabinete” ligada ao governo federal.

Com a possível entrada da ADUFRGS na greve, nenhuma das duas entidades sabe explicar como funcionará, na prática, um movimento organizado por dois sindicatos que não conversam entre si. Nem mesmo a pauta de reivindicações é a mesma.

Charles Florczak Almeida
Assembleia do Andes decretou greve na UFRGS no dia 25 de junho | Foto: Charles Florczak Almeida

O Andes reivindica a incorporação das gratificações ao vencimento salarial básico; plano de carreira de 13 níveis; piso salarial de R$ 2.329,95 para jornada de trabalho de 20hs semanais, com recomposição calculada pelo DIEESE; e recomposição salarial emergencial de 22,08%, referentes a perdas acumuladas desde 2010.

A ADUFRGS reivindica uma equiparação salarial dos professores com os pesquisadores do Ministério da Ciência e Tecnologia. Com isso, salário básico de um doutor passaria de R$ 5 mil para R$ 8 mil. E o teto passaria de R$ 8 mil para R$ 17 mil. Além disso, eles querem a elaboração de uma carreira única e mais simples, com 13 níveis e uma política de progressão bem definida, que leve em conta a valorização da titulação e do regime de trabalho.

“Temos a nossa pauta e a nossa estrutura”, diz presidente da ADUFRGS

A presidente da ADUFRGS, Maria Luiza Von Holleben, diz que o resultado do plebiscito convocado pela entidade – onde a maioria dos filiados se mostrou favorável à greve – não se traduz automaticamente na decretação de paralisação. Mas ela reconhece que a vontade manifestada pelos docentes na consulta é um forte indicativo de que a greve poderá ocorrer.

Maria Luiza diz que assembleia da categoria definirá forma e estratégia da greve | Foto: ADUFRGS

“É uma decisão de orientação”, resume a professora, acrescentando que a posição oficial da diretoria da ADUFRGS é a de iniciar uma greve. Maria Luiza não sabe dizer, entretanto, se o movimento será organizado em parceria com a greve já decretada pelo núcleo gaúcho do Andes.

“Vamos fazer a greve, temos a nossa pauta, a nossa entidade, a nossa estrutura e a nossa organização sindical, que é vinculada a uma federação. Vejo que é essa a nossa proposta”, diz a presidente da ADUFRGS.

Ela explica que será a assembleia realizada nesta terça-feira (10) que irá definir os termos da greve e a estratégia de mobilização. Ainda não há confirmação de que a entidade irá adotar o mesmo mecanismo que o Andes, que orienta os professores a não publicarem as notas dos estudantes, impedindo, assim, que o semestre se encerre.

“Só existe uma greve nacional”, diz dirigente do Andes

O professor Carlos Alberto Gonçalves, integrante do comando de greve do Andes na Ufrgs, avalia que a mobilização decretada pelo sindicato no dia 25 de junho contribuiu para que os docentes filiados à ADUFRGS decidissem a paralisação. Ele lembra que na primeira enquete proposta pela entidade, entre os dias 19 e 21 de junho, os professores rejeitaram a possibilidade de entrar em greve.

“Depois que começamos a nossa mobilização, a nova enquete da ADUFRGS aponta que 51% dos professores querem greve. Não tenho dúvida de que é porque estamos indo aos locais de trabalho mostrando a pauta da greve”, comemora.

carlosalberto
Carlos Alberto diz que mobilização do Andes mudou posição de filiados à ADUFRGS| Foto: ANDES

Os dirigentes do Andes na UFRGS acreditam que a greve convocada pelo sindicato está fazendo com que os docentes filiados à ADUFRGS “atropelem” a vontade da cúpula da entidade. “A direção deles nunca foi favorável à greve, como explicar o resultado desse plebiscito?”, questiona Carlos Alberto.

Para a professora Laura Fonseca, filiada ao Andes, “a categoria precisa empurrar (a ADUFRGS) para a greve”. “Esse grupo sempre teve uma forma diferente de fazer manifestação. Não farão greve por causa da direção, a categoria é que está passando por cima”, observa.

Carlos Alberto acredita que os filiados à ADUFRGS acabarão aderindo à mobilização liderada pelo Andes. “Só existe uma greve nacional. Nossa pauta é muito mais ampla e os professores não entrariam em greve se não fosse pela pauta nacional”, projeta.

Laura Fonseca também conclui que os novos grevistas irão se somar às fileiras do movimento já existente. “É uma greve só, mesmo que a ADUFRGS queira dizer que tem outra pauta. Nacionalmente, a greve está com a pauta do Andes. Se a ADUFRGS declarar greve, que ótimo, vão se somar a nós. Não tem sentido fazer uma outra mobilização”, opina.


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