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3 de julho de 2012
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09:00

Greve de professores na UFRGS deve ter maior adesão nos próximos dias

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Sul 21
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ADUFRGS pode aderir à greve. Diretora considera "situação crítica" | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Felipe Prestes

No início de 2012, o próprio Ministério da Educação havia dado o dia 2 de julho como prazo para apresentar proposta aos docentes das universidades federais sobre uma extensa pauta de reivindicações feita desde 2010. A segunda-feira passou sem que a proposta chegasse e isto deve aumentar a adesão dos professores da UFRGS à greve. Já é grande a adesão entre os funcionários e até mesmo os alunos ameaçam parar.

Na segunda passada (25), professores filiados ao Sindicato Nacional Dos Docentes Das Instituições De Ensino Superior (ANDES) declararam greve, que teve início oficial na sexta (29). O comando de greve calcula que 20% dos docentes aderiram. Com a falta de resposta do Governo, o sindicato mais representativo de docentes da universidade, o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS), também pode decidir pela paralisação nos próximos dias.

A diretora da ADUFRGS, Maria Luiza Von Holleben, considera a que “a situação é crítica”. “O próprio governo se deu este prazo. Que eu saiba não veio mais nenhuma proposta”, diz. Na tarde desta segunda-feira (2), a diretoria do sindicato se reuniu e, à noite, houve reunião do Conselho de Representantes, na qual foi feita avaliação do atual momento.

Embora transpareça descontentamento pela falta de avanço, Maria Luiza não admite que a diretoria do sindicato seja favorável à greve. “Nossa posição é ouvir os professores”, afirma. Nos próximos dias, a ADUFRGS deve fazer nova consulta eletrônica aos professores ativos. Em uma consulta anterior, a maioria dos filiados à ADUFRGS, que também representa a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e dois institutos federais de ensino técnico da Capital, havia decidido esperar até o dia 2 de julho.

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Carlos Alberto Gonçalves critica ADUFRGS, por estar supostamente omitindo a greve deflagrada pelo ANDES | Foto: ANDES

ANDES considera adesão “muito boa”

O professor Carlos Alberto Gonçalves, do comando de greve do ANDES na UFRGS, afirma que o índice estimado de 20% de adesão é “muito bom”, devido a não-adesão da ADUFRGS, entidade a qual dirige duras críticas. “A greve começou nesta sexta. Numa avaliação inicial estimamos que 20% pararam. Considerando a estrutura é muito bom, especialmente porque há um sindicato pelego enviando notícias de que os professores estão aguardando posicionamento do Governo, de que não há greve”, dispara.

Nem a ADUFRGS nem a UFRGS quiseram rebater o índice de 20% estimado pelo ANDES. O sindicato disse que não comentaria e a assessoria de comunicação da Universidade informou que a instituição não faz este tipo de monitoramento.

Carlos Alberto considera “intrigante” a postura do Governo, que desmarcou reunião que ocorreria no último dia 19 e não respeitou o próprio prazo que tinha definido. O professor acredita que a falta de proposta nesta segunda (2), conforme prometido, deve aumentar a adesão à greve. “Imagino que sim. Muitas pessoas tinham esperança de que o Governo apresentasse alguma coisa e agora viram que isto não vai acontecer”.

O professor explica que a orientação aos grevistas é de que promovam as provas e avaliações finais, bem como a participação em bancas de trabalho de conclusão. Entretanto, o que deve ser feito é a retenção dos conceitos, o que, inclusive, pode retardar o semestre que vem, que começa no dia 6 de agosto, caso não haja uma solução para o impasse até lá. A retenção das notas é uma maneira de continuar pressionando mesmo durante o período de férias.

Segundo Carlos Alberto, professores já estão em greve em 58 instituições federais de ensino superior no país. As principais reivindicações dos grevistas são incorporação das gratificações ao vencimento salarial básico; plano de carreira de 13 níveis; piso salarial de R$ 2.329,95 para jornada de trabalho de 20hs semanais, com recomposição calculada pelo DIEESE; e recomposição salarial emergencial de 22,08%, referentes a perdas acumuladas desde 2010.

Coordenadora-geral da ASSUFRGS diz que unidades tradicionalmente refratárias a paralisações aderiram à greve | Ramiro Furquim/Sul21

Servidores estão parados há vinte dias

Os servidores da UFRGS já estão parados há cerca de vinte dias. A coordenadora-geral da Associação dos Servidores da UFRGS (ASSUFRGS), Berna Menezes, não estima um percentual de adesão, mas afirma que unidades que nunca haviam aderido a paralisações, como a Medicina e a Engenharia estão com muitos técnico-administrativos parados. Berna afirma que até mesmo jornalistas do setor de imprensa da UFRGS estão trabalhando na assessoria dos grevistas, não da Universidade e que a editora da instituição está parada.

Outra unidade que ela destaca é a de pós-graduação. “As bolsas só estão sendo pagas porque os alunos são solidários à greve”, diz, ressaltando que os trabalhadores têm cumprido os 30% de funcionários trabalhando, conforme determina a lei. Apesar da forte adesão, os servidores não têm mais como obstruir as matrículas desde que elas começaram a ser feitas pela internet. “Só os professores podem impedir o começo do semestre, não dando aulas”, diz.

A dirigente afirma que as notícias de Brasília são de que o Governo prometeu apresentar propostas aos servidores, mas que isto iria demorar e acenou com a data de 31 de julho. “É um desastre”, opina Berna.

Já são 47 instituições com técnico-administrativos parados em todo o país. Eles irão fazer um acampamento em Brasília, na frente do Ministério do Planejamento, entre os dias 9 e 16 deste mês. Os funcionários reivindicam um piso de três salários mínimos, adequações no plano de carreira e a aplicação de 10% do PIB em educação. Atualmente, o salário é de R$ 1.034. Com o aumento reivindicado, a remuneração passaria a cerca de R$ 1.600.

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Nina Becker: "Somos solidários porque as greves são para melhorar a educação pública" | Foto: Arquivo Pessoal

Alunos aprovam indicativo de greve

Nesta segunda-feira (2), em assembleia de alunos da UFRGS, eles definiram indicativo de greve. Segundo Nina Becker, coordenadora-geral do DCE, isto significa que eles vão elaborar uma plataforma de reivindicações e um calendário de mobilizações, e que devem votar pela greve ou não em nova assembleia, antes do começo do próximo semestre.

Os estudantes também definiram apoio à greve dos docentes feita pelo ANDES – anteriormente, eles já haviam manifestado apoio à paralisação dos técnico-administrativos. “Somos solidários, porque são greves pela educação pública, para melhorar as condições de trabalho. Nós também temos extensa pauta por mais qualidade, que vai desde a paridade nas decisões até questões de infraestrutura, como a falta de salas de aula no Direito e a interdição dos teatros das Artes Dramáticas”, afirma Nina Becker.


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