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31 de julho de 2012
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18:37

Familiares de vítimas da violência do estado pedem o fim das polícias militares

Por
Sul 21
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“Queremos o fim da militarização, o que foi aprovado na Conferência Nacional de Direitos Humanos", diz integrante do grupo Mães de Maio | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

Após virem à tona vários novos casos de assassinatos cometidos por policiais militares, principalmenteem São Paulo, mas também em outros estados, a Rede Nacional de Familiares e Amigos de Vítimas da Violência do Estado lançou no último domingo (29) uma petição online pedindo a desmilitarização das polícias em todo o Brasil. No momento do fechamento desta matéria, a petição contava com mais de 1,5 mil assinaturas. Segundo o grupo, o documento será entregue para a Presidência da República, o Congresso e o STF.

“A sociedade da periferia não aceita a polícia como está”, afirma Débora Maria, integrante da Rede e do grupo Mães de Maio, formado por mulheres que tiveram seus filhos mortos em maio de 2006 pela PM paulista após os atos de violência do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Queremos o fim da militarização, o que foi aprovado na Conferência Nacional de Direitos Humanos. A polícia não investe em prevenção, mas em armamento. Queremos uma só polícia. Hoje, a PM mata e a Civil não investiga”, afirma.

Débora perdeu seu filho em maio de 2006. Edson Rogério era gari. Ela busca até hoje provar que ele foi morto pela polícia. “No espaço de uma semana, se matou mais de 600 pessoas. Todos os processos foram arquivados. Eles implantaram a resistência seguida de morte. Não punem ninguém”, afirma.

Ela diz que a atuação das polícias militares traz resquícios da ditadura militar e da escravidão. “A ditadura militar não acabou. Ela é praticada com muito mais violência na periferia. A política de extermínio está dentro das instituições. Além disto, é uma polícia racista. Os policiais são os capitães-do-mato e a bala do revólver é a chibata. Faltam investimentos em Direitos Humanos.Podem até estudar a teoria, mas não a prática”, diz.

Débora afirma que o grupo tem cobrado dos comandos policiais em São Paulo sobre as mortes de policiais. Os assassinatos deles, que já são lamentáveis por si só, geram ações de vingança nas periferias, por grupos de extermínio formados por policiais. “Os comandantes têm que explicar porque morrem tantos policiais”, cobra.

Mães querem audiência com Dilma Rousseff

Na semana passada, as Mães de Maio protocolaram uma carta à Presidência da República. Elas querem federalizar os crimes cometidos pelo Estado, argumentando que as estruturas estaduais não são eficazes na punição. Pedem também a criação de uma Comissão de Memória, Verdade e Justiça para os crimes do Estado brasileiro na democracia.

Mas, acima de tudo, querem uma audiência com a presidenta. “A gente precisa conversar. Ela foi vítima dos mesmos crimes que nossos filhos”.


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