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25 de maio de 2012
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09:00

Sul21 entrevista os dois candidatos à reitoria da UFRGS

Por
Sul 21
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Sul21 entrevista os dois candidatos à reitoria da UFRGS
Sul21 entrevista os dois candidatos à reitoria da UFRGS
Foto: Ricardo Frantz/Wikimedia Commons

Felipe Prestes

Professores, técnico-administrativos e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vão às urnas no dia 14 de junho para escolher quem será reitor da instituição pelos próximos quatro anos. Os candidatos são o atual reitor Carlos Alexandre Netto, médico e professor do Departamento de Bioquímica da Universidade, e Jairton Dupont, químico e professor do Departamento de Química Orgânica. O pleito, oficialmente, é apenas uma consulta, porque cabe ao Conselho Universitário enviar uma lista tríplice para o Governo Federal. Mas, na prática, quem vencer a eleição se torna reitor. O Sul21 conversou por cerca de meia hora com cada um dos candidatos e elaborou perguntas a partir dos anseios de estudantes, docentes e servidores.

Na pauta, não ficou de fora, por exemplo, a questão da divisão dos votos em 70% para docentes, 15% para servidores e 15% para estudantes não só na eleição para reitor como em todas as instâncias da Universidade, desde o Conselho Universitário até os conselhos das unidades acadêmicas. Uma reivindicação antiga de técnico-administrativos e alunos é a paridade nas decisões.

nina becker
DCE cobra mais espaço para diálogo, segundo a coordenadora-geral, Nina Becker | Foto: Arquivo Pessoal

“Hoje, se os professores votam em conjunto, vencem. E isto tem acontecido muitas vezes”, afirma Nina Becker, coordenadora-geral do DCE. Berna Menezes, coordenadora-geral da Associação dos Servidores da UFRGS (Assufrgs), compartilha desta posição. “Uma de nossas reivindicações é um processo democrático de eleições. É um desrespeito 70, 15, 15. Antes era 40, 30,30”, diz.

Ambas as entidades também pedem mais democracia, de forma geral, mais espaço para diálogo. Quanto a isto, a Adufrgs, entidade que representa os docentes, tem posição diferente: “O que esperamos é que seja mantida a qualidade que a UFRGS alcançou, um relacionamento transparente e aberto com a reitoria e que tenhamos com eles abertura para a discussão dos direitos e anseios da categoria através da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), que é o que tem acontecido por enquanto”, diz Maria Luiza Ambros Von Holleben, presidenta da entidade.

Uma preocupação das três categorias é com a questão das cotas na UFRGS. Para Maria Luiza Ambros, consolidar as cotas é um passo importante, enquanto que servidores e estudantes são mais explícitos: pedem a ampliação delas. Neste ano, a UFRGS vai fazer a revisão das ações afirmativas. Uma comissão está avaliando as cotas em seus primeiros cinco anos de implantação, que será submetida ao Conselho Universitário (Consun). O reitor que for eleito não terá muita influência nisto, não só porque a decisão é do Consun, mas porque ele o novo reitor só assume em setembro e a revisão precisa ser feita até agosto, antes da publicação do edital do vestibular de 2013. Ainda assim, a reportagem ouviu a opinião dos dois candidatos sobre o tema, pela relevância dada a ele pelas categorias que compõem a comunidade da Universidade.

"Temos o menor piso entre os técnicos federais", afirma Berna Menezes | Ramiro Furquim/Sul21

Outra questão sobre a qual o reitor não tem poder decisório aflige docentes e técnicos e vai exigir habilidade política de quem for eleito. A iminência de crise econômica tem ocasionada um congelamento salarial nas instituições de ensino federal – não à toa várias delas já passam por greve nos últimos dias. Além disto, os planos de carreira também são considerados defasados. “Que o próximo reitor interceda no Andifes, no MEC pelos nossos técnicos. Temos o menor piso entre os técnicos do Governo Federal. Quem entra na UFRGS hoje fica estudando para outro concurso. Na área de TI ninguém quer ficar porque o salário é muito baixo”, afirma Berna Menezes.

Com os docentes, a situação é semelhante, segundo a presidenta da Assufrgs. “Ampliam-se as vagas, mas o salário vem perdendo para a inflação. O que está acontecendo é que a carreira acadêmica vai perdendo o atrativo para os jovens”, diz. Maria Luiza Von Holleben elenca a questão salarial e de carreira com um dos grandes desafios da gestão do próximo reitor. “Não é o reitor quem decide os reajustes, mas é um desafio dele lidar com a inconformidade. Uma paralisação pode prejudicar bastante o andamento dos trabalhos dentro de uma universidade. O reitor não é o patrão, é um colega, mas pode fortalecer as demandas dos professores”.

Ufrgs tem forte interação com a sociedade, afirma a presidenta da Adufrgs | Foto: Adufrgs

Desde 2007, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) o orçamento da UFRGS deu um salto e a instituição começou a recuperar sua defasagem em infraestrutura, além de aumentar o número de vagas e cursos oferecidos e a contratação de professores. Hoje, a UFRGS é o terceiro orçamento do Estado, perdendo apenas para o Governo do Estado e para a Prefeitura de Porto Alegre. Para Maria Luiza, a próxima reitoria deve continuar fazendo obras de infraestrutura, que ainda estão sofrendo com a retenção de gastos do Governo Federal. “É preciso consolidar a ampliação que iniciou com o REUNI e que, por conta da política de retenção de verbas do atual Governo, ainda não se faz sentir com intensidade. Mas com certeza isto vai acontecer”, diz.

Nina Becker, do DCE, acredita que o crescimento do orçamento da UFRGS não se refletiu com a mesma proporção em melhorias para a Universidade. “Há salas superlotadas, bibliotecas não foram ampliadas, faltam casas do estudante. A casa do estudante do Campus do Vale é uma promessa antiga não cumprida. Não estamos vendo a expansão como deveria ser”, afirma.

Nas entrevistas, os candidatos se posicionam sobre questões de infraestrutura da Universidade e também sobre outros dois temas bastante comentados sobre a UFRGS: como reduzir a evasão de alunos e a questão da interação da principal universidade pública do Estado com a sociedade, que muitos consideram pequena. Maria Luiza Ambros acredita que a UFRGS tem forte relação com a sociedade, mas que talvez peque apenas na divulgação.

“O que se entende por relação com a sociedade? Ou é uma relação hipócrita, populista, ou é uma efetiva, de vínculo com os órgãos geradores de conhecimento na sociedade, que são os convênios que podemos estabelecer com diversos órgãos e empresas? Sempre tem sido pauta um número muito grande de convênios entre sociedade e Universidade. Talvez o que falte seja a ampla divulgação. A sociedade como um todo talvez não tenha sido devidamente informada dos convênios. Nossa prioridade é trabalho, divulgar não faz parte da nossa cultura”, afirma.

Clique nos nomes dos candidatos para ler as entrevistas na íntegra: 

jairton dupontJairton Dupont – Chapa 1 –  A UFRGS pode mais Nos últimos dez anos, nunca houve tanto investimento, tantas novas contratações nas universidades federais brasileiras. A UFRGS neste processo – é só entrar no site do REUNI e ver os relatórios – é a última em tudo. A que menos aumentou vaga para estudantes na Região Sul, que menos contratou professores, que menos contratou técnico-administrativos e que menos fez em infraestrutura. Tem um colega meu que diz que nos acostumamos a viver como indigentes na UFRGS, porque não temos banheiros, não temos um lugar decente para fazermos refeições. 

carlosalexandrenettoCarlos Alexandre Netto – Chapa 2 – A UFRGS que fazemos juntos! – Em quatro anos, construímos 60 mil m² entre obras e reformas, em praticamente todas as unidades acadêmicas. Na próxima gestão, vamos entregar um novo RU e uma nova casa do estudante Campus do Vale e reformar os RUs mais antigos. Vamos construir uma nova biblioteca no Vale – um prédio de dez andares que vai congregar praticamente todas as bibliotecas das unidades que lá estão — implementar o Campus do Litoral Norte e construir os prédios do Parque Científico e Tecnológico. 


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