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26 de janeiro de 2012
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23:34

Conexões Globais debate o movimento M-15 e a segurança na internet

Por
Sul 21
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O ativista espanhol Javier Toret | Foto: hackitectura.net

Milton Ribeiro

A palestra Ferramentas sociais para o ativismo e a militância política, do Conexões Globais 2.0, evento que faz parte do FST 2012,  foi certamente um dos pontos altos do encontro que se realiza na Casa de Cultura Mário Quintana. A grande estrela do evento foi Javier Toret, articulador do movimento 15-M em Barcelona. Para surpresa de todos, Toret, anunciado primeiramente como webconferencista, apareceu pessoalmente. Ele pesquisa e desenvolve ferramentas tecnopoliticas e veio para debater as mídias digitais e as novas ferramentas de participação popular na construção do ativismo político. Estiveram em debate questões como o sigilo das informações em redes como o Facebook e o Twitter e também a perspectiva de desenvolvimento e construção de ferramentas livres das corporações e com garantia de privacidade.

Toret começou falando a respeito da rápida tendência da sociedade de interagir digitalmente. “A TV está perdendo espaço em relação aos computadores, que permitem a interação e a participação. A intermediação dos programas de TV já está rompida na vida de muitas pessoas e os próximos anos serão cruciais para a visão pré-formatada vinda de telejornais”. Ele narrou rapidamente a influência das redes Facebook e Twitter na formação do 15-M. A ideia era a de romper o bloqueio e o silêncio dos meios de comunicação. Foi tentada uma campanha viral realizada intensivamente nestas redes e mais no YouTube. Deu certo e o movimento saiu da internet para as ruas. “A divulgação gerou o estado de ânimo necessário ao movimento, mas logo vimos que nossa incrível trama de conexões, o contágio viral e nossa expansão exponencial estava sendo muito bem observada e tivemos que partir para ferramentas escritas em software livre”.

“Notamos que não tínhamos privacidade no Facebook e que o Twitter estava sendo manipulado de todas as formas. Havia espionagem intensiva e alteração diária de Trending Topics”. Então o movimento sem líderes teve de partir para o Lorea, uma rede social livre concebida para trabalhar em grupo de no máximo 3000 pessoas. “Também criamos outras ferramentas, como o site tomalaplaza.net e o propongo.tomalaplaza.net dentro dos quais organizamos nossa “AudioAutoAsamblea permanentemente conectada ao desconforto social”.

O sociólogo Sérgio Amadeu é dos autores do livro "A Comunicação Digital e a Construção dos Commons"| Foto: Wilson Dias/ABr

Na mesma linha pronunciou-se Sérgio Amadeu, sociólogo e um dos líderes do movimento de software livre no Brasil. Amadeu deu continuidade ao discurso de Toret mostrando que seu celular, com acesso à internet, possuía uma camada de software que impedia sua localização. “É claro que não estou sendo perseguido”, disse ele rindo, “instalei o software mais por diversão. “Às vezes ele informa que estou na Finlândia, daqui cinco minutos estou no Japão e por aí vai. Tudo isso porque, através do celular, qualquer um pode saber de que região se está falando e esta camada de software impede o rastreamento “. Depois Amadeu citou exemplos de derrotas como a do amordaçamento financeiro do Wikileaks pelo Paypal e Credicard. “Estas empresas, junto com o governo norte-americano, cortaram todo o financiamento e a possibilidade de conhecermos documentos secretos dos governos, ou seja, coisas que nos interessam”.

Amadeu elogiou os movimentos da chamada Primavera Árabe e do M-15, pois “foram os primeiros a puxar os movimentos virtuais para as ruas. “Desde a democracia grega, temos sido roubados de espaços públicos para utilização política. Estamos recuperando tudo isso nos últimos anos. O fazer político está adquirindo novas formas, mas nem todos se deram conta disso”.

E completa: “Nunca os movimentos sociais cresceram tanto e foram tão longe como em 2011. E 2012 já iniciou com o arquivamento do SOPA e do PIPA. O que virá por aí será uma grande luta por uma nova democracia”.


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