Da Redação
O Ministério da Educação do Chile determinou a mudança da expressão ‘ditadura militar’ por ‘regime militar’ ao se referir à ditadura de Augusto Pinochet nos textos escolares. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (4) pelo ministro da Educação, Haral Bayer.
O ministro informou que a proposta de mudança foi encaminhada pelo Executivo e passou pelo Conselho Nacional de Educação (CNED), que aprovou a alteração sem reparos. Ele explicou que se buscou usar uma “palavra mais geral” para se referir a esse período da história chilena. “Usa-se a palavra mais geral que é regime militar”, disse o ministro, negando que a mudança tenha sido motivada por razões políticas.
O novo texto do currículo indica que devem ser comparadas “as diferentes visões sobre a quebra da democracia no Chile, o regime militar e o processo de recuperação da democracia ao final do século 20, considerando os diferentes atores, experiências e pontos de vista”, disse Beyer. “Não é um governo democrático [o de Pinochet], mas o termo regime militar também tem esse significado”, alegou.
Sobre a modificação, Elizabeth Lira, membro do CNED (Conselho Nacional de Educação), disse não considerar a modificação relevante. “É uma discussão que não terá fim. Temos de lembrar que o atual governo é formado, em pelo menos 50%, de gente que era partidária de Pinochet. Não me surpreende em nada que tenham escolhido mostrar a história dessa forma. São maneiras de identificar quem promove esse tipo de visão das coisas. Parece-me legítimo”, disse.
Entretanto, Alejandro Goic, também membro do CNED afirmou que a alteração passou sem discussão pelo órgão. “E trata-se de um tema sensível. Para mim, deveríamos manter o termo original. Afinal, as ditaduras são chamadas de ditaduras, e as democracias são chamadas de democracias”, argumentou.
O governo do general Augusto Pinochet foi um dos mais violentos da América Latina e vigorou por 17 anos, entre 1973 e 1990. Pinochet liderou o golpe de Estado que derrubou e assassinou o presidente socialista Salvador Allende. Pelos dados oficiais, foram 28 mil pessoas torturadas e outras 2.279 desaparecidas e mortas. As chamadas comissões da Verdade identificaram 180 crianças e adolescentes assassinados, além de 1.283 presos e torturados.
Com informações da Agência Brasil, Opera Mundi e AFP