Últimas Notícias > Geral > Noticias
|
19 de agosto de 2011
|
15:14

Em Porto Alegre, denúncia de trabalho escravo não muda rotina em loja da Zara

Por
Sul 21
[email protected]
Em Porto Alegre, denúncia de trabalho escravo não muda rotina em loja da Zara
Em Porto Alegre, denúncia de trabalho escravo não muda rotina em loja da Zara
Sul21 conversou com clientes da Zara em um shopping de Porto Alegre. Maioria se mostrava alheio às denúncias | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Rachel Duarte

Dois dias depois da veiculação, em rede nacional de televisão, da denúncia sobre exploração de trabalhadores em oficinas de fornecedores da grife espanhola Zara, a rotina na loja localizada no Shopping Iguatemi, em Porto Alegre, permanecia inalterada. Boa parte dos clientes mantinha-se alheio às notícias e aproveitava as promoções do dia.

Leia mais:
– Ministério flagra trabalho escravo em confecção de roupas da grife Zara

O Sul21 conversou com clientes da Zara na tarde desta quinta-feira (18). A maioria dos entrevistados dizia não estar sabendo das ações movidas pelo Ministério do Trabalho contra o grupo terceirizado que usava trabalhadores bolivianos e peruanos, em condições análogas à escravidão, na confecção de peças de roupas para a grife em Americana, interior de São Paulo. Quem havia acompanhado as notícias, acabava aproveitando as promoções.

Luiz Fernando, cliente convicto da marca, admitiu que sabia das denúncias mas, mesmo assim, foi aproveitar as ofertas. “Isso não muda nada o nosso dia a dia. Não comprar por isso é miudeza. Não vou deixar de comprar na Zara, a menos que não tenha mais promoção”, afirmou.

“Eu fiquei sabendo. Acho isso um absurdo. Mas eu nunca comprei dessa loja mesmo. E sabemos que não é a única marca a explorar pessoas. Muitas ainda são tratadas como bichos, sem as mínimas condições de trabalho”, dizia Luciana, uma das únicas a manifestar algum repúdio. Assim como Luciana, Marcelo se mostrou indignado com as irregularidades denunciadas: “As roupas são boas, mas não dá para admitir esta exploração. Não vou comprar mais aqui.”

A maioria dos clientes, porém, permanecia alheia às denúncias ou evitava relacionar as denúncias com o ato de comprar roupas na loja. “Eu não sabia”, “Foi só hoje”, “Não compro sempre”, disseram alguns dos entrevistados.

A denúncia, divulgada na última terça pela ONG Repórter Brasil e pelo programa A Liga, da TV Bandeirantes, causou repercussão internacional. As ações do grupo espanhol Inditex, que controla a rede de lojas, sofreram leve queda nesta sexta. O grupo espanhol anunciou que vai exigir compensação financeira aos trabalhadores, por parte da terceirizada.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, foram encontradas na mesma oficina roupas de outras seis grifes além da Zara. De acordo com a procuradora Fabíola Zani, havia etiquetas da Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol. No Ministério do Trabalho e Emprego, correm outras 20 investigações contra grifes de roupas nacionais e internacionais.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora