Da Redação
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou o pregão desta segunda-feira (8) em queda. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações do país, foi aos 48.668 pontos – uma queda de 8,08%, a maior desde 2008. Foi primeiro dia de operação da bolsa após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixar a avaliação de risco da dívida dos Estados Unidos pela primeira vez na história.
Ao longo do dia, o Ibovespa chegou a cair 9,73%, ficando à beira do circuit breaker – sistema acionado para acalmar os investidores, que suspende os negócios por 30 minutos sempre que a bolsa atua em queda de 10% ou mais. O último circuit breaker da Bovespa foi em outubro de 2008, período mais crítico da crise econômica causada pelos títulos imobiliários dos EUA.
A tensão na bolsa de São Paulo reflete o dia difícil verificado nos pregões de todo o mundo. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou com queda de 5,55%, caindo aos 10.809 pontos. O índice não ficava abaixo dos 11.000 pontos desde novembro de 2010. Já o índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, terminou o dia com queda de 3,39%, enquanto Frankfurt caiu em 5,01%.
Mais cedo, a Ásia já tinha dado sinais da tensão que tomaria conta das bolsas durante o dia. A Bolsa de Seul, que chegou a cair 6,3% durante o dia, fechou em baixa de 3,82%, a 1.869,45 pontos, seu menor nível desde outubro do ano passado. Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou as operações a 9.097,56 pontos, uma queda de 2,18%.
A queda nas bolsas de valores do mundo também teve impactos no câmbio brasileiro. O dólar comercial fechou em alta de 1,96%, cotado a R$ 1,61. Já o euro subiu 2,35%, fechando em R$ 2,30. A segunda-feira foi marcada pela fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros, como o ouro e até mesmo os próprios títulos da dívida norte-americana, agora rebaixados.
A oscilação nas bolsas mundiais é motivada pela situação de crise vivida nos EUA, que foi forçado na semana passada a elevar o teto da dívida pública para US$ 15,2 trilhões. A mudança, aprovada pela Câmara dos Representantes e pelo Senado dos EUA, ocorreu horas antes do prazo dado pelo Tesouro norte-americano para que o país ainda fosse capaz de cumprir suas obrigações financeiras.
Mesmo evitando o calote em um primeiro momento, a instabilidade levou a agência Standard & Poor’s a rebaixar a avaliação dos EUA do patamar AAA para AA+. É a primeira vez na história que a dívida dos Estados Unidos é classificada abaixo do nível máximo. A nota AAA permitia que o governo dos EUA tomasse emprestado recursos a uma taxa de juros mais baixa, uma vez que o governo é considerado estável e seus títulos, seguros. Com a mudança, títulos de países como Reino Unido, Alemanha, França ou Canadá passaram a ser considerados mais seguros que os norte-americanos.