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10 de agosto de 2011
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19:23

Agressões de skinheads mobilizam ativistas em Porto Alegre

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Sul 21
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Agressões de skinheads mobilizam ativistas em Porto Alegre
Agressões de skinheads mobilizam ativistas em Porto Alegre
Movimentos se reuniram na comunidade Utopia e Luta, recentemente atacada por neonazistas | Ramiro Furquim/Sul21

Vivian Virissimo

Após a agressão praticada por skinheads em um bar de Porto Alegre na última sexta-feira (5), um grupo de ativistas decidiu criar um movimento para denunciar o aumento da ocorrência de crimes de conotação racista,  homofóbica e neonazista. A Polícia Civil descarta que a briga tenha tido essas motivações, mas os movimentos sociais rejeitam a versão policial apresentada até agora.

Na última sexta, uma briga generalizada resultou em oito feridos no bar Terraço Garibaldi, no bairro Cidade Baixa. “Estamos tentando esclarecer o que realmente aconteceu, várias pessoas foram indiciadas por lesão corporal e indícios apontam ser mais um incidente envolvendo skinheads e punks. As investigações ainda estão sendo feitas”, diz o titular da 1ª Delegacia de Porto Alegre, Paulo César Jardim, que investiga casos envolvendo grupos neonazistas na capital.

Segundo o delegado, a agressão ocorreu por desentendimentos envolvendo a namorada de um integrante do movimento punk. “Eles não podem ficar um perto do outro, se odeiam”, afirma Jardim. Os responsáveis pelas agressões foram liberados.

Para os movimentos sociais, que se reuniram na noite desta terça na comunidade Utopia e Luta, que recentemente foi alvo de pichações neonazistas, a versão é diferente. Segundo relato de testemunhas, os skinheads provocaram dois homens negros que estavam no bar com insultos racistas.

“A agressão foi feita de forma premeditada, já que os skinhead não freqüentam o bar Garibaldi, que é um reduto de gays e punks. Em breve conversa com a dona do estabelecimento já desconstruímos essa versão: os homens tinham mais de 40 anos e não eram do movimento punk”, rebate Vicente, integrante do movimento anarco-punk.

O caso envolvendo skinheads é o segundo registrado em um mês em Porto Alegre. O primeiro ocorreu na própria comunidade Utopia e Luta, localizada nas escadarias do viaduto Otávio Rocha, no centro da cidade. Os skinheads picharam suásticas nas paredes da ocupação e divulgaram fotos nas quais a bandeira do movimento era esfaqueada. Na ocasião, uma marcha contra a opressão foi organizada para denunciar o ocorrido. Segundo o delegado Jardim, as investigações sobre este caso específico não apresentam fatos novos.

O militante do grupo Nuances e integrante da Ouvidoria de Segurança Pública, Célio Golin, afirma que há anos são registrados ataques como esses. “Há dez anos geramos processos na delegacia que investiga crimes de ódio e não temos acesso a informações concretas. As coisas se repetem e nada acontece, essas informações precisam ser socializadas”, critica.

Os ativistas estão articulando uma “frente anti-fascista”, ainda sem nome definido, que vai promover ações tanto de ordem jurídica quanto mobilizações de rua para combater a intolerância e tentar pressionar o Estado para que se posicione sobre os casos. Eles devem pedir formalmente informações da Polícia Civil, por meio do Ministério Público Estadual.


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