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21 de julho de 2011
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17:43

Para CPT, Judiciário beneficia assassinos de casal de extrativistas

Por
Sul 21
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Da Redação

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota nesta quinta-feira (20) criticando a decisão da Justiça que negou pedido de prisão preventiva do mandante e executores do assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva. “Mesmo identificando os executores e um mandante do crime, nenhum deles foi preso, todos encontram-se livres”, aponta a nota.

Conforme a CPT, o juiz Murilo Lemos Simão da 4ª Vara Penal da Comarca de Marabá negou o pedido de prisão em duas ocasiões, a primeira temporária e a segunda preventiva, e agora com a divulgação dos nomes dos acusados, o juiz analisa o terceiro pedido encaminhado pela Polícia Civil do Pará. Todos os pedidos de prisão possuem parecer favorável do Ministério Público. “As decisões do juiz Murilo Lemos constituem mais um passo em favor da impunidade que tem sido a marca da atuação do Judiciário paraense em relação aos crimes no campo no Estado”.

As investigações foram encerradas nesta quarta-feira (20), após quase dois meses dos assassinatos do casal de extrativistas — a Polícia Civil do Pará apontou como mandante dos crimes o fazendeiro José Rodrigues Moreira e, como executores, os pistoleiros Lindonjonhson Silva Rocha (irmão de José Rodrigues) e Alberto Lopes do Nascimento.

“Ao negar a decretação da prisão dos acusados por duas vezes, o juiz contribuiu para que esses fugissem da região e, mesmo que sejam decretadas suas prisões, a prisão do grupo se torna ainda mais difícil. O mesmo juiz decretou o sigilo das investigações sem que o delegado que presidia o inquérito ou o Ministério Público tenha solicitado”, indica a nota da CPT.

Na nota, a CPT lamenta o fim das investigações e defende a continuidade da coleta de depoimentos de testemunhas. Essa defesa visa que o inquérito presidido pela Polícia Federal, e não concluído ainda, possa avançar na identificação de outros acusados pelos crimes.

Outra crítica da CPT refere-se ao fato das investigações do crime seguirem em segredo de Justiça e destaca que muitos outros crimes de grande repercução já ocorreram no Estado do Pará (Gabriel Pimenta, Irmã Adelaide, massacre de Eldorado, José Dutra da Costa, Irmã Dorothy) e nenhum deles foi decretado segredo de Justiça.

Caso envolveu disputa de terras

Desde o início das investigações, as testemunhas já indicavam a participação de José Rodrigues como um dos mandantes do crime. Ele pretendia ampliar sua criação de gado para dentro da reserva extrativista, no entanto, a área que ele dizia ter comprado já estava habitada por três famílias extrativistas.

Na tentativa de expulsar as famílias, o fazendeiro levou um grupo de policiais entre civis e militares até o local, expulsou os trabalhadores, ateou fogo em uma das casas e levou um trabalhador detido até a delegacia de Nova Ipixuna. Na delegacia o trabalhador foi pressionado pelos policiais e José Rodrigues a assinar um termo de desistência do Lote. José Cláudio e Maria além de denunciarem a ação ilegal dos policiais ao INCRA apoiaram a volta dos colonos para os lotes.

Com informações da Comissão Pastoral da Terra


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