Daniel Cassol
Depois dos safanões trocados entre os deputados do PTB, Sérgio Moraes e Ronaldo Santini, devido à uma discussão sobre divisão de cargos, as bancadas federal e estadual do partido colocaram à disposição do governador Tarso Genro as 137 vagas na administração estadual. Para o secretário do Trabalho e presidente estadual do PTB, Luís Augusto Lara, a hora é de “colocar uma pedra” sobre o assunto. “O partido inteiro ficou constrangido”, lamenta.
“Foi lamentável o que aconteceu, o partido inteiro ficou constrangido com essa discussão tomar uma relevância assim. O que tem que tomar relevância não é o critério do partido, mas como vamos melhorar a vida das pessoas”, afirma Lara. Para o secretário, todos os partidos discutem critérios para a ocupação de espaços nos governos. O erro do PTB foi ter levado a discussão a público e a deixado chegar às vias de fato. “Nosso partido é muito democrático, nos espaços de discussão todos falam o que pensam e o que querem, porém às vezes os ânimos se exaltam”, lamenta.
No último sábado, durante um seminário do partido, Moraes e Santini trocam tapas em plena mesa posicionada sobre o palco. O caso gerou repercussão nacional, até porque Sérgio Moraes é conhecido como o deputado que “se lixa para a opinião pública”. Com a polêmica, os deputados foram ao Palácio Piratini colocar os cargos à disposição, o que foi negado pelo governador.
“Foi uma demonstração clara de que o PTB apoia o governo em função do projeto, para trazermos estabilidade, com maioria na Assembleia. Com espaços ou sem espaços, com cargos ou sem cargos, continuaremos apoiando o projeto”, diz Lara. “Se não, uma discussão que era para ser interna constrange o governo e fica parecendo que o PTB apoia o projeto em função dos espaços”, completa.
Durante a segunda-feira, o deputado federal Sérgio Moraes chegou a afirmar que cada deputado tinha direito a R$ 80 mil pelas indicações. De acordo com o secretário Lara, o valor é o teto salarial da soma dos cargos que cada deputado pode indicar. Além disso, o partido segue critérios técnicos: há cargos no governo que o PTB ainda não indicou por não ter encontrado quadros qualificados.
O secretário considera que o momento é de o partido “se recolher”. “Queremos botar uma pedra nesse assunto. São coisas que têm que interessar ao partido internamente. A comunidade quer saber de outro tipo de assunto”, finaliza.