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2 de junho de 2011
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21:42

Merval Pereira ocupará cadeira de Moacyr Scliar na Academia Brasileira de Letras

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Sul 21
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Jornalista foi eleito com 23 votos, contra 13 destinados a Antônio Torres | Foto: Rafael Wallace/ALERJ

Igor Natusch

A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu, na tarde de quinta-feira (2), o mais novo imortal do panteão literário brasileiro. Com 23 votos, foi eleito o jornalista e escritor Merval Pereira, que ocupará a cadeira 31, vaga desde a morte de Moacyr Scliar. Seu concorrente, o também jornalista Antônio Torres, recebeu 13 votos, e foi registrada uma abstenção. Em comunicado posterior à eleição, a ABL afirma que a escolha por Merval Pereira mantém “a tradição da presença de grandes jornalistas na Academia”, que viria desde Joaquim Nabuco, um dos fundadores da ABL.

Merval Pereira tem 61 anos e atualmente é comentarista da CBN e do canal televisivo GloboNews, além de escrever para O Globo. A relação de Merval com o jornal é antiga, já que o jornalista começou sua carreira lá, em 1968, como estagiário. Chegou a ser Diretor de Jornalismo de Mídia Impressa e Rádio das Organizações Globo. Ganhou o Prêmio Esso em 1979 com a série de reportagens “A segunda guerra: sucessão de Geisel” – em 2000, foi finalista com uma matéria que associava o cineasta João Moreira Salles com o traficante Marcinho VP, mas não chegou a ganhar o prêmio. Na ocasião, o Esso de reportagem ficou com a série “Defesa aberta”, dos jornalistas Andrei Meireles e Isabela Abdala.

As reportagens premiadas em 1979 viraram livro, feito em parceria com André Gustavo Stumpf e lançado pela Editora Brasiliense. A outra incursão de Merval Pereira no mundo literário foi o livro “O Lulismo no Poder”, publicado no ano passado pela Record. O volume compila uma série de crônicas publicadas n’O Globo durante os oitos anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na publicação, Merval Pereira trata Lula como um líder populista, que alicerçou-se na ampliação da classe média e em políticas assistencialistas para se distanciar do PT e transformar-se em uma figura centralizadora do poder.

O nome de Merval Pereira acabou sendo citado, de forma surpreendente, entre os documentos recentemente vazados pelo WikiLeaks. No documento, Merval aparece ao lado de colunistas como Diogo Mainardi, da revista Veja, como pessoas que serviram de fonte para o cônsul dos EUA no Rio de Janeiro sobre as eleições presidenciais de 2010. Diogo Mainardi teria, logo após reunião com o cônsul, escrito uma coluna na qual defendia uma chapa unindo José Serra e Marina Silva contra a então candidata Dilma Rousseff. Merval Pereira, no caso, teria oferecido um parecer favorável à ideia, dizendo que uma chapa Serra-Marina teria grandes chances de vencer a eleição.

A cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras foi fundada por Guimarães Júnior, que escolheu Pedro Luís como patrono. Merval Pereira será o oitavo ocupante da cadeira, que já foi de João Ribeiro, Paulo Setúbal, Cassiano Ricardo, José Cândido de Carvalho e Geraldo França de Lima. O último imortal a sentar na cadeira 31 foi o gaúcho Moacyr Scliar, que assumiu o lugar em 2003 e faleceu em fevereiro deste ano.


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