Jorge Seadi
No final da noite desta quarta-feira (25) havia 4.500 carros novos parados na fronteira Argentina- Brasil aguardando a “licença de importação” e até o final de semana este número deverá chegar a 7 mil com o que já partiu das montadoras. Entre hoje e amanhã apenas 500 veículos serão autorizados a entrar no Brasil. E a indústria argentina — sem ter onde estocar os veículos prontos — , sofre os impactos financeiros dos fatos.
Segundo informações divulgadas hoje (26) pelo jornal El Clarín, os pátios das montadoras argentinas estão lotados de carros com motor flex, fabricados especialmente para trafegarem no Brasil. Uma fonte não revelada, ligada às montadoras, disse que se “nas próximas duas semanas o conflito com o Brasil não se revolver, as fábricas vão ter que parar”. O setor já informou ao governo de Cristina Kirchner que vai ter que parar de produzir e, se continuar por muito tempo, “teremos que demitir”. A indústria automobilística argentina emprega 130 mil pessoas.
Uma fábrica de carros francesa tentou uma ação de emergência ao propor o aluguel de uma área próxima para estacionar seus veículos. Não conseguiu porque o proprietário pediu um valor altíssimo. Uma segunda montadora está utilizando área que é de uma empresa transportadora para colocar seu estoque, e uma terceira, no interior do país, despachou milhares de carros para áreas próximas a Buenos Aires.
Até o dia 10 de maio, quando o governo brasileiro cancelou as licenças automáticas, os veículos produzidos na Argentina aguardavam apenas dois dias para serem enviados para a fronteira e depois ao Brasil. Agora, os carros estão parados há 10 dias, podendo ficar até dois meses para terem suas entradas autorizadas. O comitê executivo da Associação de Fabricantes de Automóveis (ADEFA), está tentando encontrar uma solução para o impasse, revelando que as matrizes das montadoras europeias não “estão compreendendo o que ocorre”.
Enquanto esta discussão não chegar ao fim, os veículos argentinos se acumulam na fronteira e nos portos brasileiros. Nesta quarta-feira (25) por exemplo, chegaram 850 veículos da Chevrolet, modelo Agile, no porto de Rio Grande. Nos portos de Santos, Paraná e Bahia já estão estocados mais de 200o carros.
Volkswagen transfere produção para o Brasil
O modelo Space Fox, fabricado pela Volkswagen da Argentina e exportado para o Brasil, terá sua produção transferida para a fábrica da empresa alemã no Paraná. Segundo Gilson Batista, líder dos empregados da Volks do Paraná, a mudança estava prevista, mas foi antecipada depois do conflito comercial entre os dois países. Na Argentina, no entanto, porta-voz da fábrica de General Pacheco desmente esta informação, dizendo que haverá redução na produção do Space Fox para que seja fabricado o utilitário Amarok. A planta argentina produz 1.200 Fox por mês, todos exportados para o Brasil.
Com informações do La Nacion
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