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3 de maio de 2011
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04:51

Ato em Porto Alegre defende anistia a camponeses do Araguaia

Por
Sul 21
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Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

Algumas dezenas de camponeses da região onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia nos anos setenta lutam, no fim da vida, para receber uma reparação da União. Eles foram anistiados em uma grande solenidade promovida pela Caravana da Anistia, do Ministério da Justiça, em 2009, com a presença, inclusive de Tarso Genro, que estava à frente da pasta. Mas, no mesmo ano, uma ação popular provocado pelo deputado estadual do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, foi aceita pelo juiz José Carlos Zebulum, da 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que concedeu liminar determinando a suspensão do pagamento das reparações.

A questão está próxima de ser decidida pela Justiça, e a Fundação Maurício Grabois, ligada ao PC do B, realizou nesta segunda-feira (3) à noite, no auditório da Faculdade de Direito da Ufrgs, um ato em apoio aos camponeses. “Estes camponeses viveram violência brutal. Estão na expectativa de receber alguma coisa para o final da vida e para deixar para suas famílias. “É necessário que a sociedade tome conhecimento desta situação para se solidarizar com os camponeses e que isso possa sensibilizar a Justiça federal”, afirmou Aldo Arantes, integrante da Executiva nacional do PC do B e do Grupo de Trabalho Tocantins, do Ministério da Defesa, que faz busca por corpos de mortos da guerrilha, no sul do Pará.

Aldo Arantes também chama atenção para o fato de que dos 45 camponeses que haviam obtido a anistia, cinco já morreram. No ato estiveram presentes comunistas como a deputada federal Manuela D’Ávila e secretaria do Turismo, Abigail Pereira. O chefe-de-gabinte, Vinicius Wu, representou o governador.

No mesmo evento, foi veiculado o documentário “Camponeses do Araguaia, a guerrilha vista por dentro”, produzido pela Fundação Maurício Grabois. Durante a Caravana da Anistia, uma equipe da fundação colheu uma série de depoimentos de camponeses que contam como foram torturados para revelar segredos sobre a localização de guerrilheiros, tiveram suas casas e plantações queimadas, viram seus animais serem mortos. “(O filme) é importante porque é a voz dos camponeses, mostrando o que aconteceu com eles. São depoimentos comoventes. Revelam com muita força emocional que pessoas tiveram suas casas queimadas, perderam suas terras, foram torturadas”, disse Aldo Arantes.

Exército oculta cadáveres do Araguaia

Integrante do GT Tocantins, que procura corpos de mortos na Guerrilha do Araguia, Aldo Arantes revela que houve o que chama de “operação limpeza” na área onde houve a luta. Ele afirma que deduziu isto depois que, em 2009, o grupo de trabalho realizou 63 escavações no local e não encontrou nada. E teve a certeza disto depois que ouviu a confirmação da boca de militares que participaram do combate à guerrilha. “Tive oportunidade de ouvir depoimentos no sul do Pará, não só de camponeses, mas de ex-militares. Alguns dos quais participaram da Operação Limpeza. Participei de uma reunião da Associação dos Ex-Militares da Guerrilha do Araguaia. Um dos quais, chamado Vadinho, deu um depoimento categórico”.

Ainda assim, Aldo Arantes diz que os militares com quem conversou não sabem onde foram parar os corpos. Ele acredita que só oficiais de alta patente sabem o que ocorreu, e trabalha com duas hipóteses: os restos mortais dos guerrilheiros podem ter sido lançados no fundo do Rio Araguaia, ou incinerados. Arantes tem insistido com o Ministério da Defesa para que sejam ouvidos os oficiais que comandaram a guerrilha. “O grupo de trabalho tem técnicos muito bons, mas sem ouvir os oficiais não vai achar nada”, diz.


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