Últimas Notícias>Economia|Noticias
|
29 de março de 2011
|
10:30

Governo compensa correção da tabela do IR com aumento de impostos

Por
Sul 21
[email protected]
Imposto sobre bebidas fica maior - Nicolas/Flickr

Felipe Prestes

O governo federal confirmou, nesta segunda-feira (28), a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%. Com isto, aumenta a faixa de isentos. Não pagam IR os brasileiros com renda mensal de até R$ 1.566,61. Antes esse valor era de até R$ 1,499,15. A medida não valerá para o ano base 2010. Só para o ano base 2011. Com a correção, o governo deixará de arrecadar R$ 1,612 bilhão neste ano. Para compensar a perda, foram publicadas no Diário Oficial da União, nesta segunda (28), outras duas medidas: aumentos do IOF e dos impostos sobre bebidas.

O reajuste no IOF, que passou de 2,28% para 6,28% (275%) para compras com cartão de crédito no exterior, e aumentos nos impostos sobre bebidas frias (refrigerantes, bebidas alcoólicas, água mineral, isotônicos e energéticos) farão com que o governo arrecade mais R$ 1,75 bilhão. A correção de 15% dos preços de referência para a cobrança de IPI, PIS e COFINS das bebidas frias deve gerar mais R$ 948 milhões de arrecadação, segundo a Receita Federal. O aumento do IOF para operação com cartão de crédito no exterior gerará mais R$ 802 milhões de receita.

Economistas concordam que é importante para o assalariado a correção das faixas do IR, mas divergem sobre as medidas anunciadas pelo governo federal. Para Geraldo Fonseca, presidente do Conselho Regional de Economia do RS (Corecon-RS), a correção é boa para a população. Mas, o aumento da tributação prejudica o cidadão. Ele afirma que, para compensar a perda de receita com a correção da tabela do IR, o governo deveria cortar nas despesas e não aumentar os impostos. “O caminho mais fácil é sempre aumentar a receita. Mas assim eu tomo renda da população. Por que é que o governo não faz o seu acerto através da redução das despesas de custeio, em vez de punir a parte produtiva?”, questiona. Fonseca afirma que o corte de R$ 50 bilhões no orçamento federal não foi o suficiente. “Se o corte fosse suficiente não precisava aumentar os tributos”, diz.

O economista da FEE Antônio Carlos Fraquelli afirma que a correção das faixas do IR é importante, porque as medidas tomadas pelo governo para conter a inflação demorarão alguns meses para surtir efeito. A nova tabela do IR deve fazer com que a população recupere a perda de poder aquisitivo que sofreu.

Para Fraquelli, o aumento nos tributos sobre bebidas frias é uma boa forma de compensar as perdas com a correção do IR, porque se trata de um segmento que não é vital para a população. “É uma área em que se pode elevar a tributação. Na área da bebida tu sabes que não vai afetar o bem-estar da população”, diz. Fraquelli acredita que o governo deve detectar em que áreas da economia pode aumentar tributos para poder dar incentivos a outras áreas mais vitais.

Preocupação com o déficit externo

De acordo com Antônio Carlos Fraquelli, o aumento do IOF para operações com cartão de crédito no exterior vem para amenizar o déficit externo do país. Com o real valorizado, aumenta muito o consumo de brasileiros no exterior e em compras de produtos importados pela internet. “É mais uma das medidas para conviver com o real forte. É tentar conter o consumo, diminuir alguma coisa neste déficit externo que temos. O impacto é pequeno porque a fragilidade do dólar e a fortaleza do real são tão grandes, que só podemos trabalhar em questões marginais”, diz.

Para Geraldo Fonseca, o efeito desta medida é inócuo, a não ser para aumentar a arrecadação. O economista acredita que quem tem recursos para viajar ao exterior ou fazer compras pela internet não será demovido de fazê-lo pelo aumento do IOF no uso do cartão de crédito. “Isso apenas pune o usuário do cartão de crédito”, diz.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora